Nascido em Palmares (PE), em 1924, Darel Valença Lins terá o centenário de seu nascimento lembrado na exposição Darel – 100 Anos de Um Artista Contemporâneo, a ser aberta no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro, na quarta-feira 9 de julho.
A mostra, que procura dar conta dos 70 anos de carreira do gravador, pintor e ilustrador, reúne cerca de 80 obras que espelham a diversidade técnica do artista: gravura em metal, óleo sobre tela, fotomontagem, guache, pastel, desenho e litografia a cor – técnica da qual é considerado pioneiro no Brasil.
A aproximação de Darel com as artes visuais deu-se numa usina da região onde nasceu. Ali, bem jovem, ele começou a trabalhar como desenhista técnico. A gravura entraria formalmente em sua vida no fim dos anos 1940, quando, morando no Rio de Janeiro, foi estudar com Henrique Oswald (1918–1965). Foi também no Rio que ele se inseriu no meio artístico e intelectual do qual faria parte até morrer, em 2017.
Darel foi professor na Escola Nacional de Belas Artes e em ateliês. Além disso, trabalhou como ilustrador para editoras, como a José Olympio; jornais, como Última Hora e Diário de Notícias; e para as revistas Senhor e Manchete.
Embora suas obras tenham sido exibidas em importantes museus brasileiros e integrem os acervos de alguns deles, Darel, como diz a curadora Denise Mattar no material da exposição, é pouco conhecido do grande público: “Sua trajetória reflete a condição de muitos gravadores brasileiros, que enfrentam a marginalização de uma técnica erroneamente considerada ‘menor’”.
A amplitude desta exposição deve contribuir para que mais gente tome contato com a beleza de suas composições; com seus corpos que se movem, muitas vezes sensuais e não raro transmutados em animais; e com o instigante diálogo que ele promove entre a linguagem das xilogravuras nordestinas e o imaginário urbano. •
Publicado na edição n° 1369 de CartaCapital, em 09 de julho de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Um gravurista quase esquecido’