Os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiram estabelecer uma nova diretriz para os investimentos em defesa, fixando como meta o comprometimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada nação até o ano de 2035. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (25) na Declaração da Cúpula de Haia, conforme divulgado pela agência Sputnik.

O compromisso representa uma ampliação significativa em relação à meta anterior, que orientava os países da aliança a destinar ao menos 2% de seus respectivos PIBs para a área de defesa. A decisão foi tomada em um contexto de aumento das tensões geopolíticas envolvendo países do bloco europeu, com destaque para a guerra na Ucrânia e os efeitos de longo prazo das ações militares da Rússia.

De acordo com o documento oficial divulgado ao final do encontro, “unidos diante de ameaças e desafios profundos à segurança, em particular a ameaça de longo prazo representada pela Rússia à segurança euro-atlântica e a ameaça persistente do terrorismo, os Aliados se comprometem a investir anualmente 5% do PIB em requisitos essenciais de defesa, bem como em gastos relacionados à defesa e à segurança, até 2035, para garantir nossas obrigações individuais e coletivas, conforme o Artigo 3 do Tratado de Washington”.

A elevação do percentual de investimento foi discutida durante reuniões entre chefes de Estado e ministros da Defesa dos países-membros, com o argumento de que o cenário internacional atual exige maior preparo militar e atualização tecnológica. A nova diretriz não impõe sanções automáticas aos países que não atingirem a meta, mas estabelece um padrão político que será monitorado periodicamente dentro da estrutura da aliança.

A referência ao Artigo 3 do Tratado de Washington reforça a justificativa jurídica da medida. O dispositivo estabelece que os membros devem manter e desenvolver sua capacidade individual e coletiva de resistência a ataques armados. Com a nova meta, a Otan busca garantir que todos os países participantes estejam preparados para responder a ameaças crescentes em diferentes regiões estratégicas.

A decisão ocorre em um contexto em que diversos países-membros já vinham sendo pressionados a aumentar seus orçamentos militares. Os Estados Unidos, maior potência militar da aliança, têm defendido publicamente que aliados europeus contribuam de maneira mais proporcional para a segurança coletiva. A proposta de elevar o índice para 5% do PIB é considerada, nos bastidores, uma resposta direta às críticas de subfinanciamento em alguns setores da defesa europeia.

O novo parâmetro inclui não apenas despesas com manutenção e modernização das forças armadas, mas também investimentos em inovação, infraestrutura crítica, segurança cibernética e cooperação tecnológica entre os países-membros. A meta, segundo representantes da aliança, será acompanhada de mecanismos de transparência e relatórios de desempenho a serem apresentados nas próximas cúpulas da Otan.

Embora a medida tenha sido formalmente aprovada por todos os países signatários, analistas avaliam que sua implementação dependerá da realidade econômica de cada nação. A aplicação do índice de 5% do PIB poderá exigir readequações fiscais internas e debates legislativos em diversas democracias ocidentais, o que pode impactar o ritmo de adesão plena até 2035.

O aumento da participação da Otan em missões no Leste Europeu, bem como os riscos persistentes associados ao terrorismo internacional, também foram mencionados como fatores que justificam a ampliação do investimento militar. A aliança busca fortalecer sua presença em regiões consideradas vulneráveis, com ênfase na proteção de fronteiras e dissuasão de ações hostis por parte de países que não integram o bloco.

A Cúpula de Haia também debateu temas como a cooperação estratégica com países parceiros fora da Europa, o papel da Otan na regulação de tecnologias emergentes e a ampliação da coordenação entre setores civis e militares diante de ameaças híbridas. As conclusões da reunião devem servir de base para as decisões que serão tomadas no encontro ministerial previsto para o primeiro trimestre de 2026.

Com o anúncio da nova meta, a Otan formaliza uma reconfiguração de suas prioridades de médio e longo prazo, alinhando seus objetivos financeiros às transformações no cenário global de segurança. O documento final da cúpula será distribuído aos parlamentos dos países-membros para análise e acompanhamento das medidas necessárias para a execução do plano até 2035.

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Last Update: 28/06/2025