Na manhã desta terça-feira, o Exército Brasileiro revelou, em um movimento que destaca prioridades profundamente desalinhadas, que entre 2020 e 2023 investiu R$ 547 milhões na construção de 463 residências de luxo para oficiais e praças.
Esse gasto exorbitante coloca em perspectiva a drástica diferença em relação aos investimentos do governo federal em moradias populares: Segundo dados do próprio governo, entre 2023 e abril de 2024, através do FGTS, R$ 105,1 bilhões foram destinados ao programa Minha Casa Minha Vida, resultando na construção de 677,91 mil residências a um custo médio de R$ 154.626,74 por unidade.
Casas luxuosas para militares
Os Próprios Nacionais Residenciais (PNRs), como são conhecidas as residências construídas pelo Exército, custaram em média R$ 1,18 milhão por unidade — um custo que pode chegar a R$ 3,88 milhões para as residências destinadas a generais. Em contrapartida, as moradias populares do Minha Casa Minha Vida são construídas a um custo médio de R$ 154 mil por unidade. Essa disparidade evidencia um abismo de prioridades: o Exército gasta sete vezes mais em cada casa para militares do que o governo investe para proporcionar moradia digna aos civis.
Enquanto o PAC e o Minha Casa Minha Vida sofrem cortes severos, o Ministério da Defesa permanece praticamente intocado. Menos de 1% do orçamento da Defesa foi congelado, permitindo que o Exército continue a destinar quantias exorbitantes a luxos desnecessários. Em contraste, o PAC, vital para o desenvolvimento nacional, viu R$ 3,2 bilhões serem congelados, interrompendo projetos essenciais nas áreas de transporte, saúde, educação, saneamento e habitação.
Prioridades desalinhadas
A justificativa do Exército para esse investimento exorbitante é a necessidade de proporcionar condições dignas para seus militares. Contudo, essa defesa não resiste a uma análise mais profunda. Com o custo de uma única residência para um general, o governo poderia construir dezenas de casas populares para famílias em situação de vulnerabilidade.
A pergunta que fica é: por que o governo privilegia o luxo de uma minoria em detrimento das necessidades básicas de milhões de civis? Em um cenário de cortes e congelamentos, essa escolha parece ir na contramão do compromisso com o bem-estar coletivo pregado pelo presidente Lula e seus apoiadores.
A discrepância nos investimentos expõe uma grave falha na gestão dos recursos públicos. Enquanto milhões de brasileiros enfrentam a luta diária por uma moradia digna e programas como o PAC são estrangulados por cortes orçamentários, o governo se dá ao luxo de investir em residências milionárias para militares. Essa desigualdade não apenas desperdiça recursos, mas também mina a confiança da população nas instituições que deveriam protegê-los. É imperativo que essa alocação de recursos seja revisada urgentemente, com foco nas reais necessidades da população e não nos privilégios de uma elite já favorecida.