Nos últimos dias, mais uma crise se abriu no governo Lula. Motivado por uma série de fatores externos, o preço do dólar explodiu. As consequências desse acontecimento, que afetam o conjunto da indústria nacional, poderiam ser contidas por um conjunto de ações do Banco Central. No entanto, o seu presidente nada fez, assistindo de braços cruzados ao caos instaurado.

Essa incompatibilidade entre as ações do Banco Central e os interesses do governo é um problema recente no cenário político. Até 2021, o presidente da República tinha plena liberdade para indicar os dirigentes da instituição responsável pela política monetária do País. No entanto, o Congresso aprovou a independência do Banco Central, tornando-o mais independente do governo e do controle popular.

Em declaração recente, o presidente Lula explicou bem o significado do Banco Central “independente”. Disse ele: “Quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”. É uma conclusão óbvia: se o presidente não é a pessoa que indica o presidente do Banco Central, então o comandante da instituição irá obedecer interesses outros que não os da população.

O Banco Central “independente” é, portanto, uma garantia a mais da grande burguesia de que seus interesses serão atendidos, independentemente do que queira o povo. É, neste sentido, algo parecido com o Supremo Tribunal Federal, dirigido por juízes que não foram eleitos por ninguém.

Esse aspecto grotesco da lei de 2021 também foi recentemente denunciado por Lula:

“Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso. (…) Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala.”

Ainda que as denúncias de Lula estejam no sentido correto, pois se voltam contra um elemento que está sabotando abertamente o seu governo e a economia nacional, elas não têm sido muito bem sucedidas.

O problema, no entanto, é que o governo conta com sabotadores também dentro dele mesmo. É o caso da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que é uma defensora da política de Campos Neto. É o caso também de Fernando Haddad, ministro da Fazenda que tem atuado mais como interlocutor do grande capital que propriamente como porta-voz dos interesses nacionais.

Não será possível levar adiante uma luta para que o País se desenvolva carregando esses pesos mortos. Pelo contrário: se não houver um combate àqueles que estão sufocando o governo e o povo brasileiro a mando dos bancos, a situação do País será cada vez mais perigosa.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 04/07/2024