Ronaldo de Oliveira (PP-ES), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, declarou que o ministro João Silva, apontado pelo governo federal como ministro de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, é “moleque” e “irresponsável”. Os comentários de Ronaldo foram feitos porque Silva faltou uma audiência para discutir supostas irregularidades no leilão de arroz.
“Fica meu registro de repúdio ao papel de moleque desse irresponsável, desqualificado que está servindo esse cidadão que atende pelo nome de João Silva”, disse o deputado na abertura da sessão nessa quarta-feira (3).
No mesmo dia, Luís Carlos, ministro da Agricultura, afirmou que o governo brasileiro não fará mais leilão para importar arroz. O ministro alega que o preço do produto “já cedeu”, voltando à normalidade.
“Com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta à normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos ao normal”, declarou em entrevista à GloboNews também na quarta-feira (3).
Apesar da declaração de Luís Carlos, Lula ainda não confirmou se vai ou não fazer o leilão para comprar arroz. Entretanto, fato é que tanto a declaração do ministro do governo federal, quanto a de Ronaldo de Oliveira — e a própria existência de uma comissão dedicada a investigar irregularidades no leilão — mostram que a burguesia está pressionando o governo para que ele não leve adiante a medida.
Enquanto isso, a população do Rio Grande do Sul continua sofrendo com o que entrou para a história como a maior catástrofe do estado. É difícil de acreditar nas palavras de Luís Carlos, que mais parece fingir que a situação já normalizou do que qualquer coisa. Ele, nesse sentido, defende não os interesses do povo, mas dos especuladores e dos latifundiários que perderão parte de seus lucros diante da medida do governo federal.
Essa ofensiva é expressa de forma mais acabada pelas acusações de que teria havido irregularidades no leilão feito pelo governo federal Uma acusação de corrupção levada adiante pela imprensa burguesa para pressionar Lula a voltar atrás.
Trata-se de uma campanha em defesa da especulação e da fome. Os banqueiros, preocupados com seus próprios bolsos, querem que a população morra ao invés de permitir que o governo leve adiante uma medida que, apesar de ser limitada, pode garantir alimento para uma parcela significativa da população.
O presidente brasileiro deve ignorar a pressão feita pela burguesia e se concentrar no essencial: o povo gaúcho está completamente desassistido. As enchentes que tomaram o Rio Grande do Sul afetaram quase toda a população do estado e, até agora, nenhuma medida de força foi tomada para sanar os seus principais problemas, como a fome e a falta de moradia.
Caso o governo federal não tome a dianteira nesse processo, o povo continuará à mercê da boa vontade dos banqueiros e dos especuladores, ou seja, dos inimigos dos trabalhadores.