O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), não descartou a possibilidade do governo adotar o princípio da reciprocidade diante das novas tarifas anunciadas por Donald Trump, presidente dos EUA, para produtos brasileiros. Ele defende, porém, que uma solução negociada seria a saída ideal neste caso.

“O caminho do comércio exterior é ganha-ganha. E ter reciprocidade não é alíquota igual. Reciprocidade é você vender mais onde é mais competitivo, onde você é menos competitivo, você compra. Produtos que você não tem, você adquire. Essa é a regra e é nesse princípio que nós vamos trabalhar”, disse o vice e ministro em coletiva registrada pela Agência Brasil.

Além de Alckmin, o próprio presidente Lula (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já citaram a possibilidade de impor um novo programa de taxação aos produtos norte-americanos. Assim como Alckmin, porém, o presidente e o chefe da economia do País dizem apostar nas negociações.

“O comércio exterior é um caminho de diálogo, um caminho de entendimento, um caminho de ganha-ganha, de buscar alternativas. É isso que vai ser feito”, defendeu Alckmin na coletiva.

O político brasileiro explicou que um dos cenários possíveis para o País seria negociar com o governo Trump um limite de produtos a serem comprados sem novas taxas.

“No caso do aço, lá atrás [em 2018], se caminhou para a cota, chamada hard cota, em que acima de um limite não pode mais entrar. Esse pode ser um dos caminhos, vamos aprofundar todos esses temas”, explicou.

Segundo o vice-presidente, há também atrativos em outros produtos brasileiros taxados por Trump que podem ajudar a derrubar a nova tarifa. No caso do etanol, sustenta Alckmin, o produto brasileiro é menos poluente, o que tende a ser levado em consideração por compradores.

“É importante destacar que o etanol do Brasil é de cana-de-açúcar. Ele descarboniza mais, ele tem um terço a menos de pegada de carbono”, afirma Alckmin.

Brasil não um problema para os EUA

Alckmin, na coletiva, também se mostrou otimista em relação ao avanço das negociações para derrubar as tarifas de Trump pelo fato do Brasil ‘não ser um problema’ comercial para os EUA. Os dois países, defende ele, têm uma balança equilibrada no comércio.

“É natural que o novo governo americano queira avaliar o seu comércio exterior, estudar, avaliar a questão do comércio exterior. E o Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. A balança comercial nossa de bens é equilibrada. Nós exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 40 bilhões”, lembrou Alckmin.

“Quando nós incluímos os serviços, os Estados Unidos tem um superávit de US$ 7,4 bilhões. É o sétimo maior superávit da balança comercial americana. Então nós não somos problema comercial”, insistiu o vice brasileiro.

Balança

Os dez principais produtos brasileiros exportados para os EUA são: óleos brutos (sem taxação), produtos semimanufaturados de ferro ou aço (taxa de 7,2%), café não torrado (9%), pastas químicas de madeira (3,6%), ferro fundido (3,6%), aviões (sem taxa), gasolinas (sem taxa), aviões a turbojato (sem taxa), carnes desossadas (10,8%), ligas de aço (7,2%).

Já os dez principais produtos dos EUA importados pelo Brasil são parte de turborreatores (sem taxa), turborreatores de empuxo (sem taxa), gás natural liquefeito (sem taxa), óleos brutos de petróleo (sem taxa), óleo diesel (sem taxa), naftas (sem taxa), hulha betuminosa (sem taxa), copolímeros de etileno (20% de taxa), óleos lubrificantes (sem taxa), polietilenos (20%).

(Com informações de Agência Brasil)

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 14/02/2025