O lançamento do novo modelo de inteligência artificial (IA) da startup chinesa DeepSeek causou um terremoto nos mercados financeiros nesta segunda-feira (27), resultando em perdas bilionárias para magnatas da tecnologia e empresas do setor. Segundo os cálculos da agência Bloomberg, ações de gigantes da tecnologia nos Estados Unidos e na Europa chegaram a perder US$ 1 trilhão em valor de mercado, com reflexos diretos nas fortunas de nomes como Jensen Huang, CEO da Nvidia, e Larry Ellison, fundador da Oracle.
Entre os bilionários mais impactados, segundo o ranking da revista Forbes, estão Larry Ellison, que viu sua fortuna encolher US$ 27,6 bilhões, e Jensen Huang, com uma perda de US$ 20,8 bilhões. Outros nomes de destaque, como Michael Dell (Dell), Larry Page e Sergey Brin (Alphabet/Google), e Elon Musk (Tesla, xAI), também registraram quedas significativas em seus patrimônios.
Os principais índices de ações dos Estados Unidos sentiram o impacto do anúncio do DeepSeek. O Nasdaq, índice tecnológico, fechou em queda de 3,07%, enquanto o S&P 500 recuou 1,45%. Apenas o Dow Jones conseguiu escapar da tendência negativa, com um avanço de 0,65%.
Empresas que investiram pesado em IA, como Oracle, Alphabet (Google) e Microsoft, tiveram quedas expressivas, de 13,79%, 4,03% e 2,14%, respectivamente. A Amazon e a Meta conseguiram se recuperar parcialmente, fechando em alta após períodos de instabilidade.
As principais perdas bilionárias após o lançamento da IA da DeepSeek foram:
- Larry Ellison – Oracle: US$ 27,6 bilhões (R$ 163 bilhões)
- Jensen Huang – Nvidia: US$ 20,8 bilhões (R$ 123 bilhões)
- Michael Dell – Dell: US$ 12,5 bilhões (R$ 74 bilhões)
- Larry Page – Alphabet (Google): US$ 6,4 bilhões (R$ 37,9 bilhões)
- Sergey Brin – Alphabet (Google): US$ 6 bilhões (R$ 35,5 bilhões)
- Elon Musk – Tesla, xAI: US$ 5,3 bilhões (R$ 31 bilhões)
Sam Stovall, analista da consultoria financeira CFRA, destacou que os investidores estão preocupados com a possibilidade de as empresas norte-americanas perderem influência no setor de IA. “Os mercados estão desconcertados com esta nova reviravolta e com o temor de que a liderança dos EUA em IA esteja ameaçada”, afirmou ao Bloomberg.
A DeepSeek ganhou destaque global após revelar que o treinamento de seu modelo mais recente, o DeepSeek-V3, exigiu menos de US$ 6 milhões em poder de computação, utilizando chips Nvidia H800.
Esse custo significativamente menor em comparação com os investimentos bilionários de empresas como OpenAI e Meta chamou a atenção do Vale do Silício e levantou dúvidas sobre a eficácia das sanções dos EUA contra a China no setor de chips e IA.
Desde 2021, o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Joe Biden, ampliou as restrições à exportação de chips avançados para a China, visando limitar o desenvolvimento de IA no país. No entanto, o sucesso do DeepSeek sugere que a China está encontrando maneiras de superar essas barreiras, desenvolvendo modelos eficientes e de baixo custo.
Apesar dos elogios recebidos por executivos e engenheiros do Vale do Silício, alguns analistas questionam os custos reais do desenvolvimento do DeepSeek. A gestora Bernstein, por exemplo, duvidou da afirmação da empresa de que gastou apenas US$ 5,58 milhões no treinamento do modelo V3, sugerindo que os custos totais podem ter sido muito maiores.
Adam Sarhan, presidente-executivo da 50 Park Investments, alertou que, se o DeepSeek provar ser uma ameaça real ao domínio das empresas ocidentais, o mercado de IA e as ações do setor podem passar por uma reavaliação significativa. “Isso poderia desestabilizar todo o setor e impactar o mercado como um todo”, afirmou.
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