A imprensa alemã repercutiu, nesta terça-feira (21), o gesto considerado nazista realizado pelo bilionário Elon Musk durante o evento de posse do ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. No comício, Musk discursou em apoio ao republicano, agradeceu aos presentes e fez um gesto que foi amplamente interpretado como semelhante à saudação nazista, provocando indignação e especulação em diferentes partes do mundo.
Durante o discurso na Capital One Arena, Musk colocou a mão direita sobre o coração e rapidamente estendeu o braço para cima, declarando: “Meu coração está com vocês”. Em seguida, repetiu o movimento. A ação gerou críticas imediatas, especialmente na Alemanha, onde gestos ou símbolos associados ao nazismo são proibidos por lei, com penas que variam de multas a cinco anos de prisão.
Veículos como o Sueddeutsche Zeitung e o Frankfurter Allgemeine descreveram o gesto como “confusamente semelhante à saudação de Hitler”. Por outro lado, o jornal Bild minimizou a controvérsia, afirmando que o gesto não se enquadrava na saudação nazista tradicional. “Musk pareceu simbolizar um ‘jogar o coração’, o que contradiz a interpretação de saudação hitlerista”, analisou o veículo.
A emissora pública ARD, por meio do programa Tagesschau, destacou a reação do grupo de direitos civis Anti-Defamation League (ADL). A organização argumentou que o gesto de Musk foi um “movimento desajeitado em um momento de entusiasmo” e não um ato deliberado de apoio ao nazismo.
Apesar disso, o gesto foi amplamente criticado nas redes sociais, alimentando debates sobre a responsabilidade pública de figuras influentes.
A polêmica foi intensificada pelo histórico recente de Musk, que tem demonstrado apoio a partidos de extrema-direita, incluindo o Alternativa para a Alemanha (AfD).
O partido é monitorado pelo governo alemão como uma organização extremista de direita. No início do mês, Musk participou de uma live com Alice Weidel, líder do AfD, onde a política fez afirmações falsas sobre o nazismo, classificando-o como “um regime de esquerda”.
Especialistas lembram que gestos associados ao nazismo são criminalizados na Alemanha, onde legislações como o parágrafo 86a do Código Penal proíbem símbolos e atos relacionados a movimentos inconstitucionais, como os nazistas. Além disso, negar o Holocausto ou incitar o ódio são crimes passíveis de penas severas, refletindo o compromisso histórico do país em combater ideologias autoritárias.
A saudação nazista, originalmente inspirada em gestos romanos, foi popularizada por Benito Mussolini e incorporada por Adolf Hitler, tornando-se símbolo de conformidade durante o regime nazista. Desde então, a Alemanha adotou políticas rigorosas para evitar o ressurgimento de discursos ou atos ligados a esse período histórico.
Elon Musk respondeu às críticas em sua plataforma X, antigo Twitter, classificando os ataques como “truques sujos” e afirmando que a acusação de “todo mundo é Hitler” é cansativa.
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