
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a realização de audiências no próximo mês para ouvir testemunhas do chamado “núcleo dois” da investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Entre os convocados estão os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
As audiências ocorrerão entre 14 e 21 de julho e incluem 118 pessoas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos réus.
O núcleo dois da investigação é composto por seis pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa: Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal), Fernando de Sousa Oliveira (delegado da PF), Marcelo Costa Câmara (coronel da reserva e ex-assessor presidencial), Mário Fernandes (general da reserva e ex-secretário executivo da Presidência), Filipe Martins (ex-assessor de Assuntos Internacionais) e Marília Ferreira de Alencar (ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça).

Um dos elementos-chave do processo será o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que já fechou acordo de delação premiada. Ele será ouvido como informante, podendo fornecer detalhes cruciais sobre as supostas articulações golpistas.
A PGR solicitou a dispensa da maioria das testemunhas de acusação, mantendo apenas dois nomes: Clebson Ferreira de Paula Vieira, ex-integrante do Ministério da Justiça, e Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador da PGR.
No entanto, outras figuras importantes devem comparecer como testemunhas de defesa, incluindo os ex-comandantes das Forças Armadas Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), que deporão a pedido da defesa de Filipe Martins.
A lista de testemunhas inclui ainda nomes expressivos da política nacional, como os ex-ministros Gonçalves Dias e Onyx Lorenzoni, os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Eduardo Girão (Novo-CE), além de deputados federais como Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Pazuello (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ).
Em fevereiro, ao apresentar a denúncia, o procurador-geral da República Paulo Gonet caracterizou o núcleo dois como formado por pessoas com “posições profissionais relevantes” que teriam “gerenciado as ações elaboradas pela organização” criminosa.