Pela primeira vez, autoridades dos Estados Unidos impuseram sanções a três instituições financeiras mexicanas sob suspeita de envolvimento com cartéis de drogas e operações de lavagem de dinheiro. A medida foi anunciada nesta terça-feira, 25, pela Rede de Repressão a Crimes Financeiros (FinCEN), órgão vinculado ao Departamento do Tesouro norte-americano.

De acordo com o comunicado oficial, os bancos CIBanco, Intercam e Vector foram classificados como “principais fontes de preocupação com lavagem de dinheiro relacionada ao tráfico ilícito de opioides”. As sanções envolvem a proibição de determinadas transferências financeiras ligadas a essas instituições.

“A Rede de Repressão a Crimes Financeiros (FinCEN) do Departamento do Tesouro dos EUA emitiu ordens identificando três instituições financeiras sediadas no México — CIBanco, Intercam e Vector — como principais fontes de preocupação com lavagem de dinheiro relacionada ao tráfico ilícito de opioides e proibindo, respectivamente, certas transferências de fundos envolvendo [esses bancos]”, afirma o texto divulgado à imprensa.

Cartéis de Jalisco e do Golfo são citados como alvos da ação

Segundo a FinCEN, os bancos investigados teriam relação com grupos do crime organizado, entre eles o Cartel de Jalisco Nueva Generación e o Cartel do Golfo. Ambos figuram em listas de organizações monitoradas pelos Estados Unidos e têm histórico de envolvimento com tráfico de drogas, especialmente fentanil e outras substâncias sintéticas.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, destacou que esta é a primeira vez que o país utiliza esse tipo de instrumento jurídico contra instituições bancárias estrangeiras.

“Por meio do primeiro uso desta poderosa autoridade, as ações de hoje [25] reafirmam o compromisso do Tesouro em usar todas as ferramentas à nossa disposição para combater a ameaça representada por organizações criminosas e terroristas que traficam fentanil e outros narcóticos”, declarou.

México pede provas e nega ter recebido dados conclusivos

Em resposta às medidas adotadas pelos Estados Unidos, o Ministério das Finanças e Crédito Público do México afirmou que não recebeu nenhuma informação concreta que comprove os supostos vínculos entre os três bancos e organizações criminosas.

“Queremos deixar claro: se tivermos informações conclusivas que comprovem atividades ilícitas por parte dessas três instituições financeiras, agiremos com todo o rigor da lei. No entanto, até o momento, não temos essas informações”, afirmou a pasta em nota oficial.

O governo mexicano confirmou que foi informado sobre possíveis irregularidades nas três instituições por meio de canais formais, como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), mas indicou que solicitou documentos adicionais para dar prosseguimento às apurações. “Nenhuma informação comprobatória foi recebida a esse respeito”, completou.

Cooperação bilateral continua apesar das divergências

Mesmo diante da falta de evidências fornecidas até o momento, as autoridades dos dois países reforçaram publicamente o compromisso conjunto no combate a crimes transnacionais. O comunicado americano destaca que há esforços coordenados entre os governos para enfrentar ameaças oriundas de cartéis que atuam no tráfico de drogas e em esquemas de financiamento ilícito.

“Tanto os Estados Unidos quanto o México estão comprometidos com sistemas financeiros com fortes controles contra lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, [a fim de] proteger efetivamente seus cidadãos de ameaças financeiras ilícitas transnacionais de cartéis que traficam fentanil e outras drogas”, acrescenta o comunicado.

Seis cartéis mexicanos já foram designados como terroristas

As ações contra as instituições financeiras ocorrem em um contexto de maior rigor por parte das autoridades americanas em relação ao narcotráfico internacional. No dia 19 de fevereiro, o Departamento de Estado dos EUA classificou vários grupos criminosos como organizações terroristas. Entre eles, estão seis cartéis mexicanos: Cartel de Sinaloa, Cartel da Nova Geração de Jalisco, Cartéis Unidos, Cartel do Nordeste, Cartel do Golfo e Família Nova Michoacán.

A designação amplia o escopo de ações que podem ser adotadas pelo governo norte-americano, como bloqueio de bens, restrições de vistos e sanções contra empresas e indivíduos que mantenham vínculos com esses grupos.

Medidas financeiras ampliam pressão sobre sistema bancário mexicano

Com a inclusão de CIBanco, Intercam e Vector na lista de preocupação prioritária da FinCEN, os Estados Unidos passam a restringir movimentações financeiras que envolvam essas instituições. A decisão pode impactar a reputação internacional dos bancos e restringir seu acesso ao sistema financeiro global.

A medida também pressiona as autoridades mexicanas a intensificar seus mecanismos de supervisão, especialmente diante de uma crescente vigilância internacional sobre o papel de instituições financeiras na facilitação de transações suspeitas associadas a organizações criminosas.

O caso ainda está em fase de apuração e não foram divulgadas datas para eventuais revisões das restrições. Enquanto isso, o governo mexicano aguarda o envio de provas por parte do Tesouro americano para determinar os próximos passos.

Com informações da Sputnik

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Last Update: 26/06/2025