Documentos oficiais e relatos de familiares colocam em dúvida a origem indígena da deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), eleita em 2022. Embora se apresente como integrante do povo Waiãpi, registros divulgados pelo UOL mostram inconsistências na história da parlamentar bolsonarista.
A certidão de nascimento aponta que Silvia nasceu em 1971 em Macapá, enquanto outros documentos usados por ela, como um RG emitido em 1998, informam o ano de 1975.
A mãe da deputada, Edenes Nobre Lopes, aparece em dois vídeos afirmando ser sua mãe biológica e negando que a política tenha origem indígena.
A declaração contradiz o relato da parlamentar, que diz ter sido adotada após um acidente na aldeia. Lideranças Waiãpi também afirmam que ela não pertence à etnia. “Ela quer aproveitar a oportunidade. Conheci a mãe dela, e ela não é Waiãpi”, disse o cacique Patena Waiãpi.
A irmã da deputada chegou a publicar nas redes que Silvia “mentiu sobre ser indígena” e que “não merece o voto do povo amapaense”. Amigos de infância ouvidos pela reportagem também disseram nunca ter ouvido falar sobre adoção ou relação com aldeias.
Silvia iniciou sua trajetória política no governo Bolsonaro, onde chefiou a Secretaria de Saúde Indígena. Ela também atuou no Ministério dos Direitos Humanos. Apesar da identidade que reivindica, é defensora do marco temporal, pauta criticada por lideranças da etnia.
Em junho de 2024, a deputada teve o mandato cassado pelo TRE-AP por usar verba de campanha em um procedimento estético. Ela segue no cargo enquanto aguarda julgamento no TSE.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde Silvia afirma ter feito uma especialização, também foi procurada para confirmar a veracidade da afirmação da deputada. A instituição declarou que ela, de fato, se matriculou no curso, mas não chegou a concluí-lo.
