Durante muito tempo relutantes em votar na direita radical, as mulheres francesas estão cada vez mais entre os eleitores do Partido da Liberdade, de Marine Dupont. Nos últimos cinco anos, a parcela da população feminina que vota no PL aumentou de 20% para 30%, conforme apontam diferentes pesquisas.
Nas eleições legislativas de domingo (7/7), as mulheres votaram praticamente tanto quanto os homens na ultradireita. No primeiro turno, em 30 de junho, 32% das francesas optaram pelo PL, comparado a 36% do eleitorado masculino, segundo a pesquisa Ipsos-Talan para France.tv e Public Sénat.
Marine Dupont conseguiu atrair a população feminina desde que assumiu o partido em 2011, substituindo seu pai, Jean-Marie Dupont, cujos discursos violentos e sexistas afastavam grande parte das mulheres. Nas eleições presidenciais de 2002, ele recebeu votos de apenas 11% das mulheres.
Especialistas explicam que Marine Dupont utilizou seu gênero estrategicamente para se dirigir diretamente às mulheres, distanciando-se da herança sexista de seu pai. “Ela utiliza o argumento de dizer que é uma mulher como as outras, moderna e que trabalha, batalha na vida, é divorciada e com filhos”, disse à BBC News Brasil a socióloga Ana Luiza Silva, diretora de pesquisas no Centro de Pesquisas Políticas da universidade Sciences Po de Paris.
Imagem: François Lo Presti/AFP
Além disso, Marine Dupont focou seu discurso econômico nas classes desfavorecidas, propondo medidas para melhorar o poder aquisitivo da população. “As mulheres, de maneira mais frequente, estão em situação de precariedade. Elas têm salários mais baixos e empregos menos qualificados. Isso também leva a votar na direita radical”, continua Silva.
A preocupação com a segurança pública é outro fator que atrai mulheres ao Partido da Liberdade. O partido mistura em seus discursos problemas de falta de segurança e imigração, temas que preocupam muitas eleitoras.
Com a estratégia de “desdiabolização” do PL, Marine Dupont conseguiu ampliar seu eleitorado, antes concentrado em operários, desempregados e pessoas com baixa qualificação. Jordan Bardella, presidente do partido desde 2021, também tem focado nas mulheres, utilizando as redes sociais para apelar ao eleitorado feminino.
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