Há 80 anos, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas contra o Japão. Os bombardeios atingiram as cidades de Hiroxima e Nagasáqui e mataram, no total, cerca de 250 mil pessoas, a maioria civis.
A Segunda Guerra Mundial, assim como a Primeira, foi uma guerra entre dois blocos liderados por países imperialistas, pela repartilha do mundo entre os monopólios imperialistas. O bloco dos Aliados era liderado pelos Estados Unidos, Inglaterra e França. A presença da União Soviética, em que pese fosse um Estado Operário (não obstante degenerado pela dominação da burocracia estalinista), não descaracterizava a natureza imperialista do bloco.
O bloco do Eixo era liderado pela Alemanha, Itália e Japão. Enquanto que a ditadura burguesa desses países assumia a forma de ditaduras fascistas, a ditadura burguesa dos Estados Unidos e Inglaterra assumiram a forma de “democracias”, e a propaganda de guerra era feita, em parte, nesse sentido.
O projeto que levou à criação das primeiras bombas atômicas foi desenvolvido durante o conflito.
Trata-se do chamado Projeto Manhattan, lançado oficialmente no ano de 1942, após a entrada dos Estados Unidos na guerra. O projeto envolveu os Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, reunindo dezenas de milhares de trabalhadores e cientistas, entre os quais Robert Oppenheimer, Enrico Fermi e Niels Bohr. O desenvolvimento da arma foi mantido sob rígido controle militar e absoluto sigilo.
O objetivo declarado era impedir que a Alemanha Nazista desenvolvesse a bomba atômica antes dos Aliados. No entanto, quando a primeira bomba foi testada com sucesso, em 16 de julho de 1945, em Alamogordo (Novo México), a Alemanha já havia se rendido (em maio). O suposto motivo inicial deixava de existir.
Embora o Japão ainda não tivesse se rendido formalmente, o país encontrava-se militarmente devastado, com sua marinha derrotada, sua aviação destruída e com suas cidades arrasadas por bombardeios convencionais e cerco naval. A rendição era apenas uma questão de tempo, sobretudo após a entrada da União Soviética na guerra contra o Japão em 8 de agosto de 1945, que já havia sido anunciada.
O lançamento das bombas sobre Hiroxima (6 de agosto) e Nagasáqui (9 de agosto) não respondia a uma necessidade militar imediata, mas sim um ato calculado de intimidação. O alvo da intimidação era a União Soviética, e todos os povos que resistiam ou poderiam vir a resistir ao imperialismo norte-americano. Os Estados Unidos também aproveitavam para consolidar sua posição de principal país do bloco imperialista. O objetivo era deixar claro que, ao final da guerra, o imperialismo norte-americano tinha a capacidade de dominar e punir qualquer inimigo.
As bombas lançadas mataram instantaneamente mais de 100 mil pessoas, quase todas civis, além de causar dezenas de milhares de mortes nos meses e anos seguintes, por radiação e doenças. No dia 15 de agosto, o Japão anunciou sua rendição.
O mundo já havia assistido, horrorizado, aos crimes contra a humanidade praticados pela Alemanha Nazista na União Soviética — provavelmente a guerra mais sanguinária de todos os tempos. Ao menos 20 milhões de russos teriam sido martirizados. No entanto, em se tratando de um ataque contra a população civil realizado em um único ato, as bombas nucleares norte-americanas foram, sem dúvida, o maior de todos.
Esse crime monstruoso, sem precedentes, foi perpetrado pelos Estados Unidos e demais países imperialistas “democráticos”, mostrando que eles eram até piores que o bloco imperialista dos países fascistas.
O crime não foi um raio em céu azul. No período que precedeu a derrota da Alemanha Nazista, especificamente três meses antes da rendição do imperialismo alemão, quando ele já estava praticamente derrotado, os Estados Unidos e o Reino Unido perpetraram um criminoso e genocida bombardeio contra cidade de Dresden, capital da Saxônia, Alemanha.
Em quatro ataques entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, 772 bombardeiros pesados da Força Aérea Real (RAF) e 527 das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos (USAAF) lançaram mais de 3.900 toneladas de bombas de alto explosivo e dispositivos incendiários na cidade.
O bombardeio atingiu principalmente a população civil, e mais de 25 mil foram mortos.
Nos tempos atuais, as mesmas práticas genocidas podem ser vistas na guerra do sionismo e do imperialismo contra a Palestina.
Desde outubro de 2023, conforme relatório do Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos (EuroMed) e da Organização das Nações Unidas (ONU), “Israel” lançou mais de 100.000 toneladas de bombas contra a Faixa de Gaza, cuja área é de apenas 365 km², isto é, uma área 147 vezes menor do que a Grande São Paulo. Em razão desses bombardeios e da destruição resultante deles, mais de 60 mil palestinos foram confirmados mortos. Mas este número pode ultrapassar 200 mil, somando os efeitos do bloqueio genocida contra Gaza e a política de matar os palestinos de fome.
Esse bombardeio não teria sido possível sem o financiamento de centenas de bilhões de dólares por parte dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e demais países imperialistas ditos “democráticos”. Da mesma forma não seria possível o bloqueio genocida sem a participação do imperialismo “democrático”. Embora o governo atual dos Estados Unidos tenha como presidente Donald Trump — sionista, de extrema direita e que continua apoiando “Israel” —, a maior parte do genocídio foi realizada durante o governo Joe Biden, do Partido Democrata.