Está previsto para o segundo semestre o decreto do governo federal que autorizará a implantação da tevê 3.0 no Brasil, em uso nos Estados Unidos e em parte da Europa. Como toda nova tecnologia, o processo será gradual, mas suas características prometem movimentar o mercado audiovisual e o consumo de conteúdo.

Os canais de tevê abertos darão um salto qualitativo. Será possível acessar programas sob demanda, integrar o conteúdo à internet e conectar-se com ­smartphones. Assim, uma série poderá ter conteúdos complementares exibidos simultaneamente no celular. A tevê 3.0 também permitirá a integração com jogos, promoções e negócios em tempo real.

A tecnologia abrirá uma nova plataforma de comércio: o espectador terá a opção de comprar, instantaneamente, itens vistos na tela, como um sapato usado por uma atriz de novela. Bastará um clique sobre o item para ser redirecionado ao ­e-commerce. A novidade terá, no entanto, um custo: como os aparelhos de tevê atuais não vêm com os recursos exigidos para a nova tecnologia, será necessário adquirir um conversor, com preço estimado em 400 reais. Quem não quiser investir poderá continuar acessando os canais abertos por mais dez anos, mas sem os benefícios do avanço tecnológico.

Robô publicitário

O mundo da publicidade foi tomado por uma caterva de debates sobre o uso da Inteligência Artificial. A questão agora ficou muito mais séria, e inquietante, para a indústria audiovisual e a publicidade. A Latam acaba de lançar sua primeira campanha publicitária desenvolvida inteiramente por IA. Por meio do VEO 3, do Google, em sua versão mais avançada, a campanha está disponível no YouTube­ em uma série de seis vídeos. As peças inauguram uma nova fase que promete transformar profundamente a publicidade e a criação de campanhas.

Diversos testes com IA para criação publicitária estão em curso. As primeiras aplicações em produção em larga escala devem ocorrer em campanhas de varejo, em que a criatividade é menos exigida, basta mostrar produto e preço. O impacto real virá depois. A IA tem transformado as áreas de planejamento e mídia, as mais técnicas das agências. Os passos na criação foram enormes na produção de imagens estáticas e ainda são iniciais em vídeos. Mas em um ano tudo deverá estar bem diferente,­ a julgar pela velocidade das conexões. É um novo mundo, em que os leões de Cannes serão engolidos por uma tecnologia cada vez mais selvagem.

Motos elétricas

A Honda vinha há algum tempo testando a vocação dos veículos de duas rodas movidos a eletricidade. Primeiro foram as marcas como a Biz ou a ­scooter Elite. Agora, a empresa avança para o segmento de motocicletas elétricas com a E-VO, lançada na China e desenvolvida em parceria com a Wuyang. A colaboração entre as duas empresas é antiga: começou em 1992 como uma joint venture que se tornou a maior produtora mundial das históricas CG125.

A E-VO tem autonomia de até 120 quilômetros e atinge velocidade máxima de 170 quilômetros por hora na versão com a bateria mais potente. Seu design aposta no retrofuturismo, com linhas inspiradas em veículos de ficção científica, em que a tecnologia está no desempenho, não na aparência cheia de luzes. O preço local varia entre 23 mil e 30 mil reais. Embora ainda não haja previsão de lançamento aqui, o Brasil deve figurar entre os primeiros mercados de expansão. O mercado nacional é estratégico para os planos da marca de ampliar a liderança global, dos atuais 40% para 50% nos próximos anos.

Ubercorreio

Correio é, tradicionalmente, sinônimo de entrega em qualquer lugar. Agora, a Uber, em parceria com a Loggi, pretende desafiar esse domínio e anunciou a expansão de seu serviço de entregas de pequeno porte para 5,5 mil municípios brasileiros. O sistema, chamado de Flash Nacional, foi testado inicialmente em Curitiba (PR) e Campinas (SP), e agora será ampliado para mais 16 cidades.

O funcionamento seguirá o modelo atual: retirada no ponto indicado pelo cliente, com a Uber e a Loggi responsáveis por toda a logística até a entrega. A proposta também mira pequenos vendedores em plataformas de e-commerce, setor em plena expansão. A estratégia é ampliar o portfólio de serviços, apostando na presença constante da marca nos smartphones dos usuários como uma via para gerar novas fontes de receita. A lógica é a mesma adotada por bancos digitais, marketplaces e fintechs. •

Publicado na edição n° 1369 de CartaCapital, em 09 de julho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Vem aí a tevê 3.0’

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Last Update: 03/07/2025