As vendas no varejo da China registraram crescimento de 5,1% em abril de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 19, pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS). O resultado, publicado pela agência estatal Xinhua, ocorre em meio à adoção de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos contra produtos chineses.

O desempenho do varejo chinês indica avanço do consumo doméstico, considerado um dos principais vetores da atividade econômica no país. Em termos absolutos, o volume total das vendas no varejo de bens de consumo alcançou 3,72 trilhões de yuans, equivalente a aproximadamente 517,27 bilhões de dólares.

Entre janeiro e abril de 2025, o crescimento acumulado das vendas no varejo foi de 4,7% em relação ao mesmo período de 2023. O índice representa uma leve aceleração em comparação ao crescimento de 4,6% verificado no primeiro trimestre deste ano, conforme registrado pelo NBS.

A divulgação dos números ocorre após o governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump em seu segundo mandato, anunciar uma nova rodada de tarifas comerciais contra produtos chineses. As medidas, adotadas no início do ano, atingem setores considerados estratégicos, como veículos elétricos, baterias e painéis solares.

Apesar da intensificação das barreiras tarifárias, os indicadores de consumo sugerem uma resposta do mercado interno chinês. Autoridades do país têm implementado medidas para estimular a demanda, com ampliação do crédito ao consumidor, incentivos fiscais e aumento dos investimentos públicos em setores como infraestrutura e inovação tecnológica.

Especialistas em economia apontam que o dinamismo do consumo interno pode contribuir para amortecer os efeitos das novas tarifas e manter o crescimento da atividade econômica ao longo de 2025. A avaliação é de que a confiança do consumidor, o fortalecimento do setor de serviços e os esforços do governo para reorientar o modelo de crescimento desempenham papel relevante nesse contexto.

Além do setor varejista, outras áreas da economia chinesa vêm sendo monitoradas em razão do cenário externo. A tensão comercial entre China e Estados Unidos tem se ampliado desde o início do ano, com o governo norte-americano intensificando medidas de restrição comercial a partir de janeiro. A decisão de Trump se baseou em alegações de desequilíbrios comerciais e proteção à indústria nacional, especialmente em áreas tecnológicas.

Os impactos das tarifas, no entanto, ainda estão sendo avaliados por analistas e observadores internacionais. A resposta do governo chinês tem incluído medidas diplomáticas, ações internas de compensação e monitoramento contínuo das cadeias produtivas afetadas.

As autoridades econômicas chinesas têm reforçado a importância da estabilidade do consumo como fator estratégico diante da conjuntura global adversa. O NBS destacou, em nota, que os resultados de abril refletem os efeitos das políticas adotadas nos primeiros meses do ano, com foco na ampliação da demanda interna e no estímulo ao setor produtivo.

Economistas ouvidos pela imprensa estatal chinesa afirmam que a continuidade do crescimento das vendas varejistas pode sustentar a atividade econômica geral, ainda que o ambiente externo permaneça pressionado. Para eles, a diversificação das fontes de crescimento e o incentivo à inovação são estratégias centrais para enfrentar as restrições impostas pelo comércio internacional.

O relatório do NBS também observa que o consumo de bens duráveis, alimentos e produtos de uso cotidiano apresentou evolução consistente em abril. As regiões urbanas mantiveram ritmo de crescimento superior ao das áreas rurais, mas o governo tem ampliado o alcance de medidas de incentivo também para cidades de pequeno e médio porte.

O desempenho de abril é considerado relevante por ocorrer no início do segundo trimestre, período no qual se esperam os primeiros efeitos mais visíveis das tarifas dos Estados Unidos sobre o comércio exterior da China. No entanto, os dados apresentados pelo NBS concentram-se exclusivamente na performance do mercado interno.

O crescimento do consumo é visto por autoridades chinesas como parte de uma estratégia mais ampla de transição econômica. O governo tem buscado reduzir a dependência de exportações e investimentos em ativos fixos, priorizando um modelo de crescimento mais voltado ao consumo e à tecnologia.

Com um cenário internacional caracterizado por incertezas e disputas comerciais, os indicadores divulgados nesta segunda-feira são considerados pelos analistas como um termômetro da capacidade da economia chinesa de absorver choques externos e manter níveis estáveis de crescimento.

O foco das autoridades continua sendo o reforço das condições internas para garantir continuidade ao desenvolvimento econômico diante das restrições impostas por parceiros comerciais.

A consolidação do consumo como motor da atividade econômica e as políticas voltadas para sua expansão permanecem no centro da agenda econômica do governo chinês para 2025. O comportamento do varejo nos próximos meses será acompanhado como um dos principais sinais de resiliência frente ao ambiente externo em transformação.

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Last Update: 19/05/2025