Um levantamento elaborado por pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) constatou que 25,4% das gestantes precisaram deixar o município onde residem para dar à luz em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Além de ter de se deslocar, o tempo de viagem das gestantes aumentou de 63,1 minutos para 84,3 minutos, quando comparados os intervalos de 2010-2011 e 2018-2019.
De acordo com os pesquisadores, o problema é ainda mais grave no Norte e Nordeste, regiões em que as gestantes têm de percorrer até 133 quilômetros para contar com assistência médica na hora do parto.
Bruna Fonseca, coordenadora do estudo, ressalta que nas regiões Sul e Sudeste, as viagens são mais curtas, e duram até 56 quilômetros.
“Embora algumas políticas busquem reduzir a distância de viagem, elas não definem referências específicas para o que é de fato a distância e o tempo aceitável para dar à luz”, pontua a pesquisadora.
A desigualdade de acesso à rede do SUS pode resultar em óbito materno e/ou neonatal. “Isso sugere que a distância e o tempo de viagem podem ser potenciais fatores de risco para mães e recém-nascidos, mas existem outros fatores a serem considerados, tal como o estado de saúde da gestante, a infraestrutura hospitalar ou o acesso ao pré-natal. […] Em análises futuras, o uso de técnicas multivariadas se mostra fundamental para entender melhor como diferentes fatores, além do tempo e distância, contribuem para resultados maternos e neonatais adversos”, continua a cientista.
Em um cenário ideal, o SUS deveria oferecer uma taxa de 0,28 leitos obstétricos para cada mil habitantes.
O levantamento foi realizado a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), com a participação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
LEIA TAMBÉM: