Neste domingo (29), o jornal britânico The Economist, um dos porta-vozes da burguesia imperialista, publicou matéria com o título “presidente do Brasil perde influência no exterior e é impopular em casa”.

A publicação mostra que o imperialismo já faz uma pressão abertamente golpista contra Lula: apontando que o presidente brasileiro vem perdendo popularidade no Brasil, The Economist fala que Lula faz o país “parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”, isto é, ao imperialismo.

Já no início da matéria, The Economist expõe que Lula já está na mira da ofensiva contrarrevolucionária do imperialismo: o jornal comenta sobre a manifestação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil sobre o criminoso ataque perpetrado pelos Estados Unidos contra o Irã:

Em 22 de junho , horas após os Estados Unidos atacarem instalações nucleares iranianas com enormes bombas destruidoras de bunkers, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou um comunicado. Afirmou que o governo brasileiro “condena veementemente” o ataque americano e que os ataques foram uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional“. 

Embora o governo Lula tenha se limitado a declarações, nem isto foi aceito pela burguesia imperialista: The Economist disse que “essa linguagem agressiva colocou o Brasil em desacordo com todas as outras democracias ocidentais, que ou apoiaram os ataques ou apenas expressaram preocupação”.

Isto é, o imperialismo proíbe o Brasil de apoiar o Irã, ainda que a nota tenha sido vergonhosamente moderada.

O jornal prossegue criticando a proximidade do Brasil com a República Islâmica, desta feita em relação aos BRICS, bloco presidido por Lula neste ano de 2025, e do qual o Irã se tornou membro em 2024.

Mostrando que o imperialismo vêem ambos Irã e BRICS como uma ameaça à ditadura imperialista mundial, The Economist critica o papel do Brasil no bloco: “originalmente, ser um membro ofereceu ao Brasil uma plataforma para exercer influência global. Agora, faz o Brasil parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”.

Deixando claro que seus inimigos principais no âmbito dos BRICS são China e Rússia, o jornal britânico reproduz opinião de um tal Matias Spektor, um lacaio do imperialismo na Fundação Getúlio Vargas, que diz:

Quanto mais a China transforma o BRICS em um instrumento de sua política externa, e quanto mais a Rússia usa o BRICS para legitimar sua guerra na Ucrânia, mais difícil será para o Brasil continuar dizendo que não é alinhado“.

Em sua agressão contra a Rússia, país oprimido, o imperialismo vem sendo derrotado política e militarmente pela Federação. Em relação à China, também um país oprimido, o imperialismo não consegue impedir o desenvolvimento e consequente expansão econômica do Gigante Asiático, uma afronta à ditadura imperialista.

Diante disto, The Economist expõe que diplomatas brasileiros estão tentando tornar inócua a cúpula dos BRICS deste ano, que será realizada no Brasil:

“Os diplomatas brasileiros estão tentando contornar o problema concentrando a cúpula em temas inócuos: cooperação em vacinas e saúde; a transição para a energia verde; e a manutenção do status de nação mais favorecida como base para o comércio internacional, no qual os países tratam todos os membros da Organização Mundial do Comércio igualmente.”

The Economist ainda revela que tais diplomatas, lacaios do imperialismo, tentam impedir que a questão da desdolarização seja discutida, bem como tentam sabotar a participação do Irã: “eles querem evitar discussões sobre um assunto que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, particularmente detesta: um esforço liderado pelos BRICS para liquidar o comércio em moedas locais em vez do dólar. Os diplomatas brasileiros provavelmente prefeririam que os iranianos também ficassem em silêncio”.

Uma vez que The Economist expõe que seus inimigos principais são China, Rússia e Irã, passa criticar que Lula por não capitular completamente ao imperialismo:

O papel do Brasil no centro de um BRICS expandido e dominado por um regime mais autoritário faz parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula. Ele não fez nenhum esforço para estreitar laços com os Estados Unidos desde que Trump assumiu o cargo em janeiro. Não há registro de que os dois tenham se encontrado pessoalmente, tornando o Brasil a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente americano. Em vez disso, Lula corteja a China. Ele se encontrou com Xi Jinping, o presidente da China, duas vezes no ano passado

O jornal porta-voz do imperialismo também reclama do fato de Lula ter estado presente nas comemorações do Dia da Vitória, em Moscou, Rússia: “Lula foi o único líder de uma grande democracia a comparecer às comemorações em Moscou do fim da Segunda Guerra Mundial”.

Quando The Economist critica as tentativas de Lula de aprofundar as relações entre China e Rússia, está mostrando que o presidente brasileiro é um político nacionalista (por mais limitações que possa ter) e que isto não é aceito pelo imperialismo.

Isto fica ainda mais claro quando o jornal critica Lula por não conversar “com seu homólogo argentino, Javier Milei, por diferenças ideológicas”.

O jornal britânico também fala sobre a situação de Lula no Brasil, apontando a queda de impopularidade do presidente e, invocando o espectro da extrema-direita, pressiona Lula para capitular ainda mais perante o imperialismo:

Os índices de aprovação pessoal de Lula giram em torno de 40%, os mais baixos de todos os tempos em seus três mandatos. Apenas 28% dos brasileiros afirmam aprovar seu governo […] Enquanto isso, o movimento MAGA de Trump está intimamente alinhado com a extrema direita brasileira, liderada por Jair Bolsonaro, um ex-presidente que se autodenomina um Trump tropical. Bolsonaro provavelmente será preso em breve […] Ele ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles.

Com isto, The Economist conclui que “Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”. 

O jornal, ao dizer isto, quer, por um lado, que Lula abandone completamente sua política externa de se fortalecer laços com China, Rússia e Irã. Por outro lado, quer que Lula exerça ainda mais a política do imperialismo internamente no Brasil.

Contudo, The Economist, como porta-voz do imperialismo, sabe que Lula não pode ser um Javier Milei ou um Fernando Henrique Cardoso, isto é, Lula não pode aplicar a política do imperialismo em toda sua extensão, não pode aplicar uma política liberal puro sangue.

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Last Update: 01/07/2025