Supremo Tribunal Federal manifestou insatisfação com julgamento de ministro sobre golpistas; compreenda

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF): apesar das críticas, o magistrado está amparado em regimento interno. Foto: reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou desconforto em parte da Corte ao sinalizar que levará o julgamento da trama golpista para a Primeira Turma do tribunal, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Alguns ministros defendem que o plenário seria o ambiente mais adequado para analisar o caso, dada a gravidade das acusações e o envolvimento de figuras de alto escalão. “Essas questões mais relevantes deveriam sempre ir a plenário”, afirmou um ministro que não participará do julgamento.

A decisão de Moraes gerou discussões nos bastidores, especialmente porque ele obteve uma votação unânime em casos anteriores, como a suspensão do X, e agora busca repetir esse resultado no caso da trama golpista. De acordo com a Polícia Federal, o plano envolvia até mesmo o assassinato de Moraes, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Moraes tem forte influência na Primeira Turma, composta por ministros como Luiz Fux, Cármen Lúcia e os recém-indicados por Lula, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Essa configuração aumenta as chances de uma decisão unânime a favor de Moraes, já que os dois indicados por Jair Bolsonaro — André Mendonça e Kassio Nunes Marques — estão na Segunda Turma.

Por unanimidade, primeira turma do STF mantém suspensão do X | Geral
Cármen Lúcia, Luiz Fux e Moraes: o relator da trama golpista quer garantir um placar unânime na Primeira Turma. Foto: reprodução

Esse ambiente, aliado ao regimento interno do STF, permite que Moraes envie o caso diretamente para a Turma, sem necessidade de apreciação no plenário. Contudo, o mesmo regimento também concede ao relator a possibilidade de levar o processo para o plenário, caso julgue mais apropriado.

Interlocutores próximos ao ministro acreditam que ele prefere a Primeira Turma para garantir um placar unânime e evitar possíveis adiamentos provocados por pedidos de vista no plenário.

Se a denúncia fosse julgada pelo plenário, o caso incluiria a participação de Luís Roberto Barroso, presidente do STF, e dos cinco ministros da Segunda Turma. Essa turma, composta por Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e os dois indicados por Bolsonaro, costuma ter uma abordagem mais favorável à defesa dos investigados.

Amparado no regimento

Moraes, no entanto, está amparado pelas regras internas do tribunal. Em dezembro do ano passado, o plenário do STF aprovou uma mudança regimental que devolveu às Turmas a competência de julgar denúncias e ações penais.

Essa alteração foi adotada de forma unânime, e já era de conhecimento dos ministros que os casos relacionados ao 8 de Janeiro seriam enviados às Turmas. Dessa forma, Moraes argumenta que não há motivo para desconforto, pois o regimento traçou o caminho para que Bolsonaro e outros investigados sejam julgados pela Primeira Turma no futuro.

Artigo Anterior

Uma nova intervenção armada, assinada por Bruno Alcebino da Silva

Próximo Artigo

Crise de Valores nos EUA, por Fernando Nogueira da Costa

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!