
Os oito réus da trama golpista de 2022, incluindo Jair Bolsonaro (PL), tiveram suas defesas ouvidas em mais de oito horas de sustentações no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar dos argumentos, ministros e assessores da Corte avaliam que as chances de mudança de posição são baixas e que a tendência de condenação permanece firme. Com informações da Folha.
Segundo interlocutores do tribunal, alguns magistrados chegaram a demonstrar dúvidas em pontos específicos, mas não o suficiente para alterar a visão sobre os principais acusados, como Bolsonaro e o general Walter Braga Netto. A expectativa é de que divergências apareçam na análise de questões processuais e na dosimetria das penas, mas não mudem o rumo central do julgamento.
O relator Alexandre de Moraes abrirá a fase de votos, que deve se estender por horas, seguido pelos demais integrantes da Primeira Turma. Cristiano Zanin, presidente do colegiado, marcou sessões extras para garantir que o julgamento seja concluído até o dia 12. A delação do tenente-coronel Mauro Cid, considerada fio condutor da denúncia, promete ser um dos pontos mais debatidos entre os ministros.

As defesas tentaram descredibilizar a colaboração de Cid, alegando vícios no acordo, falta de provas complementares e até coação. A Procuradoria-Geral da República rebateu, afirmando que “a denúncia não se baseou em conjecturas ou suposições frágeis” e destacou que os próprios acusados registraram etapas da trama. A tendência é que a delação seja mantida, ainda que com ajustes nos benefícios concedidos.
Os advogados de Bolsonaro insistiram na tese de ausência de provas. “Não há uma única prova que vincule o presidente ao Punhal Verde e Amarelo, Operação Luneta e 8 de Janeiro”, afirmou Celso Vilardi. Apesar da sustentação considerada consistente, ministros ouvidos avaliam que a denúncia contra o ex-presidente é robusta e dificilmente será revertida.
Entre os réus, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira aparecem como os que podem ter maior chance de alívio, diante da fragilidade de algumas acusações. Após a definição sobre as condenações, o STF passará à fase de fixação das penas, o que deve gerar novo debate intenso, pois impactará diretamente no tempo de prisão e em possíveis benefícios futuros.