Os principais partidos da Resistência Palestina divulgaram nesta quinta-feira (31) uma declaração conjunta em resposta à Chamada de Nova Iorque, documento resultante da conferência de Organização das Nações Unidas (ONU) realizada recentemente, copresidida pela França e pela Arábia Saudita. O texto da Resistência, emitido em meio à intensificação da ofensiva israelense sobre Gaza, rejeita qualquer tentativa de barganha sobre os direitos fundamentais do povo palestino e reafirma a legitimidade da resistência armada como resposta natural à ocupação.
As organizações — que incluem grupos como Hamas, Jiade Islâmica e Frente Popular para a Libertação da Palestina — reconhecem que o documento da ONU traz “conteúdos relevantes sobre o direito do povo palestino à criação de um Estado soberano”. No entanto, ressaltam que qualquer solução real deve começar com o fim imediato da ofensiva militar israelense. A declaração também saúda a resistência do povo palestino, rejeitando a proposta de desarmamento do Hamas:
“Também exaltamos o papel heroico da resistência armada em defender nosso povo e afirmar sua vontade nacional em meio a uma guerra desigual e a uma catástrofe humanitária.”
A Chamada de Nova Iorque foi publicada em um momento no qual o imperialismo visivelmente mudou sua política em relação à guerra na Faixa de Gaza. Países como França e Reino Unido anunciaram a intenção de reconhecer o Estado da Palestina. Ao mesmo tempo, a imprensa desses países passaram a denunciar o genocídio.
É um sinal de que a operação militar israelense é um fracasso. Os sionistas mataram dezenas de milhares de civis e não conseguiram controlar a situação. Há ainda muitas indicações de que as forças armadas sionistas estão caminhando para um colapso.
Essa situação tornou urgente a intervenção do imperialismo para salvar o sionismo, de modo que o reconhecimento do Estado Palestino é parte de uma manobra, que visa desarmar os palestinos e preparar o próximo genocídio.
Leia abaixo a resposta da Resistência Palestina à chamada criminosa dos países imperialistas.
Comunicado dos partidos da Resistência Palestina sobre o Anúncio de Nova Iorque
Os partidos da Resistência Palestina acompanharam com atenção os desdobramentos da conferência internacional de alto nível das Nações Unidas, recentemente concluída em Nova Iorque, realizada em um momento crítico e sensível da história do nosso povo. Nesse momento, a ocupação sionista continua a cometer uma guerra de extermínio contra o nosso povo e nossos familiares na Faixa de Gaza, praticando uma das mais horrendas campanhas de fome da história da humanidade — enquanto o Tribunal Penal Internacional exige a responsabilização e julgamento de seus líderes, em meio a um silêncio internacional absoluto.
O resultado da conferência, na forma de uma declaração política, incluiu pontos importantes relacionados ao direito do povo palestino de estabelecer seu Estado independente e plenamente soberano. Diante de uma leitura cuidadosa do conteúdo da declaração, afirmamos o seguinte:
1. Saudamos a resistência lendária do nosso povo na Faixa de Gaza, que enfrenta com paciência e firmeza uma das guerras mais bárbaras da era moderna — uma guerra de extermínio e fome sistemática conduzida pela ocupação sionista sem qualquer trégua. Esta resistência heroica frente à máquina de morte e destruição é a base que frustrou os objetivos da agressão e consolidou o direito do nosso povo à vida e à resistência. Também exaltamos o papel heroico da resistência armada em defender nosso povo e afirmar sua vontade nacional em meio a uma guerra desigual e a uma catástrofe humanitária.
2. Qualquer esforço internacional em apoio ao nosso povo e aos seus direitos legítimos é bem-vindo e valorizado. Trata-se de uma consequência natural das décadas de sacrifícios do povo palestino desde a Nakba há 77 anos, bem como do aumento da solidariedade internacional resultante da destruição promovida pela guerra sionista. Este apoio impõe crescente pressão sobre a comunidade internacional. Neste contexto, nosso povo exige o reconhecimento internacional incondicional do seu Estado soberano e de seus direitos nacionais — como um dever político e um ato de justiça histórica que não pode ser negociado ou adiado.
3. O caminho para uma solução deve começar pelo fim imediato da agressão fascista contra nosso povo, o término da política de extermínio e da fome sistemática conduzida pelas forças de ocupação. Os partidos da Resistência Palestina reiteram sua disposição para negociar a libertação dos prisioneiros israelenses, desde que dentro de um acordo de cessar-fogo, com a retirada total das forças de ocupação de Gaza, a reabertura das passagens fronteiriças e o início imediato da reconstrução. Além disso, destacamos a necessidade de um caminho político sério, com patrocínio internacional e árabe, que leve ao fim da ocupação e à realização das aspirações do nosso povo por um Estado soberano com Jerusalém como capital.
4. O fim do extermínio e da fome contra o nosso povo em Gaza é um dever moral e humanitário que não admite adiamento ou barganha. Deve ocorrer imediatamente e não pode estar vinculado a questões políticas como a criação do Estado ou a troca de prisioneiros. O direito à vida do nosso povo não está à venda.
5. A ocupação sionista é a principal fonte de terrorismo e instabilidade na região. Os crimes de extermínio e a política de fome sistemática que comete em Gaza revelam sua verdadeira natureza criminosa. Com base nisso, a resistência palestina — em todas as suas formas — é uma reação natural e legítima, garantida pelo direito internacional e pelas normas religiosas e humanas. A resistência só cessará com o fim da ocupação, a conquista dos objetivos de libertação, o retorno dos refugiados e a criação de um Estado palestino independente com Jerusalém como capital. A arma da resistência está intrinsecamente ligada a esse projeto nacional justo.
6. A questão palestina é um assunto interno dos filhos do nosso povo, tanto na pátria quanto na diáspora. Por isso, convocamos à implementação dos acordos nacionais anteriores assinados no Cairo, Argélia, Moscou e Pequim — que todos afirmaram a necessidade de reorganizar a casa palestina, incluindo a reforma da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para fortalecer seu papel legal e representativo de todo o povo palestino. Também deve-se realizar eleições presidenciais, legislativas e do Conselho Nacional, dentro e fora da Palestina, com base nacional e democrática, e sem pré-condições. Afirmamos que o dia seguinte ao fim da agressão sionista será um dia palestino por excelência, no qual todas as forças e componentes do nosso povo — nacionais, políticas e populares — deverão se unir ao esforço de reconstrução e à restauração da unidade nacional, estabelecendo uma verdadeira parceria à altura dos sacrifícios e da resistência do nosso povo.
7. Falar sobre integrar a entidade sionista na região é recompensar o inimigo por seus crimes e uma tentativa fracassada de prolongar sua existência em nossa terra usurpada. Os acontecimentos recentes, especialmente nos últimos meses, comprovaram que essa entidade é uma fonte central de instabilidade, violência e terrorismo — não apenas em nossa região, mas em todo o mundo.