O PT acionou o Ministério Público paulista (MPSP) e pediu investigação contra o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, que é deputado federal licenciado – ele foi eleito pelo PL e está no PP, pelo qual deve se lançar candidato ao Senado em 2026. Conforme reportagem do portal Metrópoles, Derrite está construindo uma casa de luxo, com custos considerados incompatíveis com a renda do secretário.

A reportagem, que foi ao ar na terça-feira 1º, indica que a mansão, que está sendo construída em um condomínio de Porto Feliz, cidade do interior paulista a cerca de 120 quilômetros da capital, tem custos estimados em 3 milhões de reais, segundo fonte ligada à obra. Em 2022, quando se candidatou a deputado, Derrite informou ter patrimônio líquido de 812 mil reais.

A reportagem prossegue, destacando que o terreno no condomínio foi comprado pelo secretário em junho de 2023, por 475 mil reais, pagos à vista. Um mês antes, ainda de acordo com o Metrópoles, Derrite tinha vendido um apartamento na capital paulista por 650 mil reais.

O portal publicou fotos da obra em andamento, e destacou que a mansão terá “440 m² de área construída, com design de linhas retas, assoalho e paredes em madeira cumaru, janelões de vidro, e uma piscina no jardim”.

Em outro ponto citado pela representação do PT ao Ministério Público, a reportagem afirma que o empreiteiro responsável pela obra declarou que os pagamentos estão sendo feitos pelo empresário Guilherme Moron Peres Trindade, conhecido como Gui Moron e identificado como amigo pessoal de Derrite.

“De acordo com o relato do empreiteiro, as notas fiscais da obra são emitidas em nome de Moron, que é quem efetivamente realiza os pagamentos. Essa relação configura indício de financiamento de bem particular por terceiros, o que pode caracterizar enriquecimento ilícito ou, ao menos, necessita de apuração quanto à origem e destinação dos recursos”, aponta a representação petista ao MP.

Moron, convém registrar, foi condecorado com medalha da Polícia Militar de São Paulo em 2023 e é tratado como “figura frequente em agendas pública e privadas ao lado de Derrite”. As empresas dele, segundo a denúncia, têm negócios com o governo estadual e a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP).

“Ainda que o secretário, atualmente licenciado do mandato de deputado federal, receba rendimentos líquidos combinados com sua esposa da ordem de R$ 74 mil mensais, o valor da obra e o custo total da propriedade revelam aparente desproporcionalidade em relação à renda acumulada nos últimos anos, o que levanta suspeitas quanto à origem dos recursos utilizados na aquisição e na construção do imóvel”, escreveu o PT na representação ao MP.

O documento é assinado pelo deputado estadual Antonio Donato, líder da Federação PT/PCdoB/PV na Assembleia Legislativa de São Paulo.

SSP-SP se manifestou após a publicação da reportagem original e afirmou que as aquisições patrimoniais de Derrite e sua família são compatíveis com a renda declarada pelo secretário ao longo de sua trajetória. Além disso, a secretaria sustenta que os valores mencionados pelo site não seriam verdadeiros.

“A obra está sendo custeada exclusivamente com recursos próprios do secretário, provenientes da venda de um apartamento de sua titularidade e de seus rendimentos mensais. Todos os pagamentos são realizados diretamente pelo secretário, via transferências bancárias, e devidamente declarados em seu Imposto de Renda”, afirma a SSP-SP, em nota.

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Last Update: 03/07/2025