
Com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF, o Centrão intensificou a pressão no Congresso para aprovar uma versão intermediária do projeto de anistia. A medida seria um gesto em favor de Bolsonaro, mas em troca os partidos de centro-direita esperam que ele oficialize até o fim de 2025 o apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu sucessor na corrida presidencial de 2026.
Segundo lideranças do grupo, a anistia “ampla, geral e irrestrita”, defendida pelos aliados mais próximos de Bolsonaro, não deve prosperar. A aposta é em um texto de consenso que não devolva a elegibilidade ao ex-presidente, mas garanta sua saída do regime fechado. Só após esse acerto, avaliam, Bolsonaro teria estímulo para abrir mão do capital político e indicar um substituto.

O Centrão e parte do mercado financeiro, representado pela Faria Lima, veem em Tarcísio o nome mais viável para unir a direita em 2026. O governador já sinalizou a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que toparia migrar para a sigla caso seja candidato ao Planalto. A eventual mudança de partido exigiria, no entanto, um acordo para compensar o Republicanos, legenda pela qual Tarcísio governa São Paulo.
Nesse cenário, o vice-governador Felício Ramuth (PSD) surge como peça central. Ele poderia assumir o comando do Estado caso Tarcísio deixe o cargo para disputar a Presidência, o que manteria o Republicanos no governo paulista. Paralelamente, MDB, PSD e PP articulam alternativas próprias para a sucessão em São Paulo, incluindo nomes como Ricardo Nunes, Gilberto Kassab e Guilherme Derrite.
A condenação do STF complicou ainda mais a situação de Bolsonaro. Antes dela, ele cogitava registrar candidatura e recorrer ao TSE para derrubar as duas inelegibilidades já existentes. Agora, a sentença criminal o enquadra na Lei da Ficha Limpa, que prevê oito anos de inelegibilidade após o cumprimento da pena. Somando-se a pena de 27 anos à suspensão dos direitos políticos, Bolsonaro só poderia disputar eleições a partir de 2060, aos 105 anos.
Mesmo com a recente mudança aprovada no Congresso para que a inelegibilidade conte a partir da condenação, Bolsonaro seguirá sem direitos políticos enquanto cumprir a pena. Isso reforça a tese de que seu papel em 2026 será de influenciador e fiador de candidaturas, especialmente a de Tarcísio de Freitas, desde que o acordo político com o Centrão avance junto com a negociação da anistia.