“O recado é claro: é preciso combater a jogatina que induz ao vício e ameaça o orçamento das famílias”, alerta Gleisi Hoffmann, sobre os resultados da pesquisa

“Fazer propaganda de algo que vicia chega a ser criminoso. O recado é claro: é preciso combater a jogatina que induz ao vício e ameaça o orçamento das famílias”. A presidente do PT Gleisi Hoffmann encerrou com esta frase o vídeo publicado em suas redes sociais, em que cita dados do Instituto Datafolha publicados pelo jornal Folha de São Paulo. O levantamento comprova que a grande maioria dos brasileiros é contra a publicidade das bets, em sintonia com o projeto de lei de sua autoria, enviado ao Congresso Nacional.

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De acordo com o Instituto Datafolha, a maior parte dos entrevistados consideram os jogos online como algo nocivo à sociedade. Sete em cada dez pesquisados, um total de 71%, são contra a veiculação de anúncios dos jogos online e 78% são a favor de banir jogos como o Tigrinho, que afetam principalmente crianças e adolescentes.

No vídeo, Gleisi Hoffmann ressaltou o alto percentual de entrevistados que defendem a proibição completa da publicidade e propaganda das casas de apostas, conforme ela propôs no PL. Ela alertou ainda para a indução a um vício que virou caso de saúde pública por afetar não só a saúde mental dos apostadores como também o orçamento familiar.

A pesquisa do Datafolha foi feita entre os dias 5 e 6 de novembro com 1.935 entrevistas presenciais em 113 municípios de todas as regiões do país. Outro dado interessante do levantamento é sobre a opinião dos que dizem ter parado de jogar. 72% se posicionaram contra a publicidade dos jogos online. Entre os que já apostaram, 37% se opõem e no grupo dos que nunca jogaram, 75% são contra a publicidade.

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“Ainda assim, hoje é impossível presentear um adolescente com uma camiseta oficial de um dos quatro grandes times do estado de São Paulo sem o logotipo de uma bet ou assistir a um jogo de futebol sem ver anúncios dessas marcas”, destacou a Folha na matéria, ao informar que, dos 20 clubes da Série A, 15 têm como patrocinadores principais uma empresa operadora de apostas.

Ambiente virtual fisga maioria dos apostadores

À pergunta sobre por qual meio os entrevistados conheceram as bets, 32% responderam ter sido por meio de propagandas nas redes sociais, 11% em anúncios em televisão e 8% por propaganda em sites e portais. Outros 7% disseram ter acessado os jogos online depois de conversa com amigos, 3% por grupos de mensagens e também 3% por meio de camisas de futebol que trazem marcas de bets.

O Datafolha identificou ainda que, entre os apostadores, 37% relataram algum mal-estar mental, sendo que 6% relatam dependência. “Outros 2% citam episódios de ideação suicida. A taxa epidemiológica de compulsão por apostas fica entre 1% e 2% em outros países do mundo”, diz a matéria.

Força tarefa do governo federal

O governo federal entrou no enfrentamento à corrosão que a farra das bets provocou no orçamento dos brasileiros e criou um grupo interministerial para combater o jogo compulsivo, por meio de medidas para regular o mercado de apostas.

Entre os encaminhamentos está a definição de um período de transição, que vai até o fim deste ano, quando o Ministério da Fazenda divulgará a listagem definitiva das empresas e dos sites que serão autorizados a operar bets a partir de 1º de janeiro de 2025, quando começará o mercado regulado de apostas no Brasil. A matéria da Folha citou esta medida do governo federal e assinalou que “as casas de apostas serão também responsáveis juridicamente por eventuais abusos de seus afiliados ou de influenciadores que contratarem”.

No começo de outubro o Ministério divulgou uma lista de sites de apostas que podem continuar operando até dezembro. A lista foi elaborada a partir das empresas que pediram autorização para explorar a modalidade lotérica de apostas de quota fixa. Os sites cujos nomes não apareceram na lista foram derrubados a partir de 11 de outubro.

“A Folha mostrou que milhares de anúncios de casas de apostas – inclusive de algumas não autorizadas a atuar no Brasil – eram impulsionados em redes sociais do grupo Meta, como Facebook e Instagram, e no X de Elon Musk, sem apresentar as restrições impostas por lei para menores de idade”, publicou o jornal, ao ressaltar que influenciadores e afiliados, espécie de revendedor autorizado das bets, ganham comissões com base nos valores perdidos pelos jogadores. “A maioria das casas de aposta recorre ao modelo de afiliados, que lembra um esquema de pirâmide nas redes sociais”, assinalou a Folha.

O professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, Eugênio Bucci, pediu a proibição da propaganda de apostas e apontou a experiência exitosa das restrições da publicidade de tabaco e bebidas alcoólicas, uma proteção contra a publicidade abusiva. “As pessoas são assediadas por conteúdo de aposta nas redes sociais, elas são vítimas”, assinalou Bucci em entrevista ao jornal.

PT Nacional, com Folha de S. Paulo

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Last Update: 26/11/2024