Outra Noite de Música com Antonio Adolfo, por Aquiles Rique Reis

Mais um espetáculo de Adolfo

por Rique Reis

Hoje vamos explorar Love Cole Porter (AAM), um tributo ao compositor norte-americano Cole Porter, apresentado por Adolfo. Vamos analisar quatro de suas obras.

“Easy To Love”: o piano entra em cena. Os sopros se juntam. A alma musical de Adolfo se faz sentir. Pura magia! O sax assume o improviso, enquanto a bateria, o baixo e o piano o acompanham. O trombone assume o proscênio. Com uma levada que é puro samba de gafieira, o couro começa. Os sopros criam uma cama para um novo solo do piano. O suingue é ardente. Os metais vêm e vão em intervenções precisas. O piano retoma as rédeas e balança num improviso esperto. Eita que a tampa abriu quente!

“I’ve Got You Under My Skin”: uma quase imperceptível percussão dá a intro pro piano conduzir a melodia com os sopros. Adolfo escreve para eles como se criasse uma ode à música, tamanha é a dimensão sonora que se agiganta ante os ouvidos. O bongô abre alas para o improviso do trompete. A guitarra surge elevada em seu dedilhar. Aqui e ali, os sopros seguem se multiplicando em aberturas. Palmas marcam o tempo forte. O suingue agradece. Volta o trompete, que logo entrega a vez ao piano. Após um tamborilar de dedos no bongô, os metais levam ao final.

“Night and Day”*: com o batera triscando os pratos, o piano abre o clássico de Mr. Cole Porter. Os sopros assumem a melodia e o brilho cresce. A música é bela, como belo é o piano de Adolfo, que a conduz até entregá-la ao sax. O improviso tem tudo de samba-jazz: criatividade e perspicácia. A bateria conduz. O baixo segue na cola. Todos se ajuntam e criam a atmosfera que o piano precisa para vir à cena e dar-se por inteiro. Compassos de máxima agudeza surgem aos ouvidos do ouvinte – extasiado, seu sorriso é franco. Com a bateria e o piano, o baixo assume o controle e cria o ambiente que antecede o solo da bateria. Os metais em bloco sustentam a beleza do tema famoso: Adolfo dá a ele o seu talento e o engrandece. Ponto final!

Fechando a tampa, “You do Something To Me”. A bateria traz o naipe dos metais pelas mãos e os dá ao fascínio de quem os ouve. A essa altura, queixo caído próximo do peito, os pelos ouriçados e a alma em festa, o ouvinte é pura identificação com a sonoridade proposta por Adolfo e os instrumentistas que com ele estão.

Ora, a música nasce da criação de um compositor natural de uma pátria, é claro! Mas quando ela é amalgamada por músicos de outros povos, que as tocam, cantam e dançam a seu gosto e jeito, adaptando-a, ela harmoniza as gentes. E ao lhes dar sentido de fraternidade e solidariedade, a música se perfaz, de fato, mátria.

Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós   

Ficha técnica: Adolfo: piano e arranjos; Lula Galvão: guitarras; Jorge Helder: baixo; Rafael Barata e Dada Costa: percussões; Jesse Sadoc: trompete e flugelhorn; Danilo Sinna: sax alto; saxes soprano e tenor e flauta: Marcelo Martins; Rafael Rocha: trombone.

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