O presidente Lula (PT) está aberto a conversar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros. Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam, no entanto, que o diálogo só acontecerá se Trump atender pessoalmente à ligação, conforme informações do G1.
A proposta de uma conversa entre os dois presidentes foi feita por senadores brasileiros, mas o clima no governo é de ceticismo. A avaliação predominante é que a Casa Branca pretende adiar qualquer negociação até a entrada em vigor das tarifas, marcada para 1º de agosto, a fim de aumentar seu poder de barganha.
Fontes do governo afirmam que os canais com Washington estão praticamente fechados. Apesar das tentativas de contato com o Departamento de Comércio, o Tesouro e outras instâncias da administração norte-americana, o Planalto relata dificuldades em estabelecer diálogo direto com o núcleo político do governo Trump.
Na última segunda-feira (28), Lula também disse que espera que o republicano “reflita sobre a importância do Brasil” e adote uma postura de diálogo, em vez de impor tarifas unilaterais. A declaração foi feita durante uma cerimônia de inauguração de uma usina de gás natural no estado do Rio de Janeiro.
“Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que, no mundo civilizado, a gente faz. Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver”, disse o petista. “E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%.”
🇧🇷🇺🇸Lula: "Brasil quiere negociar" con Trump
El presidente de Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, expresó este 28 de julio su interés en "negociar" con Donald Trump y pidió dejar las "diferencias" a un lado tras una relación de 201 años.https://t.co/iwTzxb6AML pic.twitter.com/u7rbCAV3lZ
— RT en Español (@ActualidadRT) July 29, 2025
“A soberania não é negociável”
Um assessor próximo ao presidente Lula resumiu a posição do governo brasileiro: “A soberania não é negociável”. Segundo essa fonte, o Planalto não aceitará qualquer tipo de interferência em decisões do Supremo Tribunal Federal, nem em sistemas nacionais como o Pix.
Ainda segundo integrantes do governo, há um desconforto crescente dentro da gestão Trump com a popularização do Pix, que estaria impactando os lucros de empresas americanas do setor financeiro, incluindo operadoras de cartões e bancos digitais.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já está nos Estados Unidos. Ele desembarcou neste domingo (27) para cumprir compromissos na ONU, em Nova York, mas poderá seguir para Washington, caso a Casa Branca sinalize interesse em retomar as negociações comerciais com o Brasil.
