O presidente Lula comandou, nesta terça-feira (5), no Palácio do Itamaraty, em Brasília, a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) – o chamado “Conselhão”. Composto por representantes da sociedade civil, o órgão é responsável pelo assessoramento da Presidência na formulação de políticas públicas e diretrizes de governo.

A cerimônia, marcada pela defesa da soberania nacional e dos interesses do Brasil, contou com as presenças do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; da ministra-chefe da Secretaria de Relações Internacionais (SRI), Gleisi Hoffmann; e do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, vice-presidente Geraldo Alckmin, o encarregado de encontrar uma saída para o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.

Em discurso ao “Conselhão”, Lula se emocionou ao falar da saída do Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), feito alcançado pela segunda vez. O presidente reconheceu que a conquista, algo almejado por muitos países, é resultado de um “trabalho insano” de todo o governo junto à sociedade civil. “Comer, para uns, não é problema. Mas para muitos, é um dilema”, comparou, quando a voz do petista embargou-se.

“A minha obsessão é fazer com que o povo pobre seja tratado e respeitado como cidadãos de primeira classe nesse país. E ele só quer comer, ele só quer trabalhar, ele só quer morar, ele só quer estudar. É preciso que a gente tenha a certeza de que ninguém é pobre porque quer”, reiterou o petista, antes de argumentar que o Brasil “pode dar ao seu povo uma qualidade de vida muito maior do que o seu povo tem”.

Balanço positivo

Lula também fez um balanço dos resultados positivos da administração federal até o momento, apesar do cenário externo adverso. Ele comemorou, principalmente, a redução das desigualdades sociais e o amparo aos estudantes graças ao programa do governo Pé-de-Meia. “Temos hoje o menor índice de extrema pobreza e de desemprego da nossa história. Parece até a Suécia”, brincou.

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“A massa salarial é a maior da série histórica. A economia não crescia acima de 3% desde 2011 […] Ela só voltou a crescer porque um cara de sorte voltou para o governo […] Aprovamos uma reforma tributária que vai simplificar processos, reduzir custos e oferecer maior previsibilidade e eficiência nos negócios. A inflação de alimentos é menos da metade do que a que foi no mesmo período do governo anterior”, enumerou o presidente, aos membros do “Conselhão”.

“A agricultura brasileira se supera a cada ano. A safra atual ultrapassará 330 milhões de toneladas de grãos. O investimento público e privado em infraestrutura atingiu a marca inédita de R$ 260 bilhões […] Nossos portos movimentaram 1,3 bilhão de toneladas, o maior volume de todos os tempos na história dos portos brasileiros. Em dois anos e meio, a venda de veículos automotivos atingiriam o recorde de 14,2 milhões de unidades”, completou.

Controle das contas públicas

Antes de o presidente falar, o ministro da Fazenda já havia condensado algumas das conquistas econômicas do governo Lula 3 e o bem-estar proporcionado ao povo trabalhador. Haddad destacou a responsabilidade com as contas públicas, apesar dos chiliques incessantes dos analistas do mercado financeiro e seus porta-vozes.

“A questão surpresa, para a imprensa mas não para nós, dos resultados primários das contas públicas. Nós estamos, sim, evoluindo nas contas públicas, depois de muitos anos de déficit primário crônico, na casa de 2% do PIB [Produto Interno Bruto]”, comemorou, ao rebater austeridade sobre as classes mais vulneráveis.

“A qualidade do ajuste fiscal é tão importante quanto o seu sentido. Você garantir que as pessoas comam, trabalhem, invistam é muito importante para sinalizar o futuro que nós pretendemos”, concluiu o ministro.

Soberania nacional

Na 5ª Reunião Plenária do CDESS, Lula e todos os integrantes do governo federal defenderam a soberania do país. A chefe da SRI condenou com firmeza o tarifaço de Trump. “As sanções impostas às vendas de nossos produtos para os EUA não encontram a mínima justificativa técnica ou comercial”, criticou Gleisi.

“Não passam de uma chantagem de seu presidente com o objetivo explícito de interferir no processo judicial no Brasil. Ainda mais afrontosas são as retaliações agressivas contra ministros do Supremo Tribunal Federal, em especial, ao ministro Alexandre de Moraes, por sua atuação em defesa das instituições democráticas […] As sanções e ameaças atingem diretamente o setor exportador brasileiro, atingem empresários e trabalhadores, prejudicam as famílias e a nossa economia”, prosseguiu a ministra.

Alckmin, por sua vez, chamou o tarifaço de “totalmente injustificado”. “Dos 10 produtos que os EUA mais vendem para nós, mais exportam, oito, a tarifa é zero”, afirmou. “O presidente Lula sempre foi aberto ao diálogo, é um homem do diálogo, da conversação”, descreveu, ao explicar que o governo trabalha, dia e noite, para reverter a medida desproporcional de Washington.

Apesar do imbróglio tarifário com os EUA, Lula garantiu, em seu discurso, que vai convidar Trump para comparecer à COP 30. A conferência está prevista para novembro, em Belém, no Pará. “Não vai ser por falta de charme, delicadeza e democracia”, disse.

O “Conselhão”

Dispositivo inovador, o “Conselhão” foi criado por Lula, em 2003, mas extinto pela administração Bolsonaro, que não era nada afeita ao diálogo democrático, como hoje pode-se constatar. Eleito em 2022 para um terceiro mandato à frente da Presidência da República, o petista fez questão de restabelecer o órgão logo no primeiro dia de governo.

Na cerimônia desta terça, o “Conselhão” homenageou o vice-presidente de Lula durante os dois primeiros mandatos (2003-2010), José Alencar. Empresário mineiro de sucesso, ele é lembrado como um nacionalista, sempre posicionado ao lado dos interesses nacionais.

Nesta terça, também foram apresentados os resultados dos trabalhos dos conselheiros e assinados decretos, sanções e acordos de cooperação. Ademais, tomou posse a nova composição do colegiado, que será responsável por assessorar o presidente da República em questões de interesse nacional pelos próximos dois anos.

Da Redação, com informações do site do Planalto

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Last Update: 05/08/2025