Em entrevista à Rádio Amazônica, presidente detalha Centro de Cooperação Policial Internacional, que vai unir estados e países amazônicos para combater narcotráfico, garimpo e desmatamento ilegal
A agenda do governo para a região amazônica, que contempla a preservação ambiental aliada ao desenvolvimento econômico e social para seus habitantes, foi o assunto principal da entrevista do presidente Lula à Rádio Amazônica, na manhã desta terça-feira (9). Um dos destaques é a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), em Manaus, um mecanismo estratégico para combater o crime organizado.
Lula defendeu a adoção de um novo olhar para o Norte do país. “Precisamos fazer o Norte se desenvolver. Mas hoje o desenvolvimento não é mais aquela devastação feita antigamente. Não precisamos derrubar árvores para plantar alguma coisa“, pontuou Lula. “Temos 40 milhões de hectares de terras degradadas que a gente pode utilizar para criar o que a gente quiser, para plantar o que quiser, sem precisar derrubar a floresta”, afirmou o presidente.
Ele descreveu a Amazônia como um tesouro nacional: “A Amazônia é o Brasil mais original que temos hoje. Tem tudo que precisamos. Toda a riqueza da floresta, da fauna, da água doce. O Brasil precisa olhar a Amazônia com um carinho um pouco maior. E fazer o mundo entender a Amazônia com esse carinho.”
Para Lula , a equação de preservação e desenvolvimento deve incluir a população local. “A Amazônia não é um santuário da humanidade. Lá tem gente que quer trabalhar, viver, ter acesso a bens materiais, ter uma casa, um televisor, uma geladeira, um carrinho. Precisamos criar condições para que as pessoas tenham tudo isso, além de uma boa qualidade educacional e uma boa qualidade da medicina. Se a gente fizer isso, a Amazônia estará preservada e muito ligada ao Brasil”, declarou.
Centro de Cooperação Policial: cerco ao crime organizado
Um dos pilares da nova estratégia governamental para a Amazônia é a implantação do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI) em Manaus, um avanço crucial na luta contra o crime organizado. O centro unirá esforços de nove estados brasileiros da região e nove países sul-americanos que compartilham a Amazônia, formando uma “polícia preparada” e integrada.
O presidente sublinhou a gravidade da questão: “Nós temos que tratar o crime organizado como uma indústria multinacional. Está em tudo quanto é lugar. Está no futebol, na justiça, na política, em todas as instituições. Você veja que fizemos uma operação, a maior da história do Brasil já feita contra o narcotráfico, e fomos chegar aonde? Na Faria Lima. Nós fomos chegar nas Fintechs. Fomos chegar nas empresas de jogos.”
Leia mais: PEC da Segurança reforça articulação para combate ao crime organizado
O CCPI visa combater ativamente o garimpo ilegal, a exploração madeireira ilícita, o tráfico de armas e de drogas, e o crime organizado de forma geral. “Esse país tem lei e as pessoas vão ter que aprender a respeitar. Se o Estado estiver ausente, ninguém respeita,” pontuou Lula, reforçando a importância da presença e da ação estatal na região.
COP30 em Belém
Lula reiterou sua confiança no sucesso da COP30, que será realizada em Belém (PA), justificando a escolha da cidade: “Eu resolvi fazer a COP em Belém porque é preciso fazer a COP no coração da Amazônia, com as facilidades e dificuldades que a Amazônia apresenta.” Ele destacou que a cúpula será a “COP da verdade”, visando debates sérios sobre a ciência e a criação de um fundo global para manter as florestas em pé.
“Não é um desfile em que as pessoas vão querer comprar coisas. Não, a gente quer mostrar a Amazônia, para as pessoas saberem que na Amazônia moram 30 milhões de pessoas, que embaixo de cada árvore que a gente quer preservar tem um seringueiro, um pescador, um pequeno trabalhador rural, um indígena, e que essa gente precisa que os países ricos paguem a conta para que a gente possa mantê-los tomando conta da floresta. Estou muito tranquilo.”
https:/twitter.x.com/LulaOficial/status/1965422167203422313
Outros pontos abordados na entrevista incluem a Infovia, que promete uma revolução digital para a região amazônica com a conectividade, a discussão sobre a BR-319 com responsabilidade ambiental, a exploração de petróleo na costa do Amapá sob rigorosos protocolos de segurança e o compromisso em proteger pequenos produtores amazônicos de tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos.
O presidente também reafirmou o contínuo apoio ao povo Yanomami, prometendo visitar a região e ressaltando a melhoria das condições de saúde e o combate ao garimpo ilegal. “O povo, sinceramente, era quase abandonado. Melhorou, eu diria, uns 60%, 70%. Nós precisamos plantar coisas para eles comerem, tratar da água bem limpa, estamos resolvendo com filtro e com cisterna. Mas é importante que a gente crie condições para eles sobreviverem dignamente,” concluiu.
PTNacional, com Site do Planalto