A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), está oficialmente foragida e seu paradeiro é desconhecido até mesmo pelas autoridades italianas. A confirmação foi feita nesta sexta-feira (13) pela vice-ministra do Interior da Itália, Wanda Ferro, durante audiência no Parlamento. Segundo ela, a parlamentar brasileira não foi localizada até o momento.

Zambelli desembarcou no aeroporto de Fiumicino, em Roma, às 11h40 (horário local) do dia 5 de junho, em um voo vindo de Miami. Utilizava um passaporte italiano válido, emitido pelo consulado da Itália em São Paulo. A entrada no país ocorreu sem qualquer impedimento porque, na ocasião, seu nome ainda não constava nos sistemas de alerta das forças policiais.

Alerta da Interpol chegou tarde

De acordo com Ferro, a Polícia de Fronteira não pôde agir porque o alerta vermelho da Interpol só foi publicado às 16h24 daquele mesmo dia, quase cinco horas após a chegada da deputada. O aviso só se tornou visível nos bancos de dados italianos às 16h46. “O lapso temporal entre a chegada da Sra. Zambelli e a divulgação da notificação da Interpol não permitiu que as autoridades procedessem à prisão“, justificou.

Apesar da falha inicial, as autoridades italianas afirmaram que seguem cooperando com o Brasil. A Procuradoria de Roma já recebeu os dados compartilhados pela Divisão de Investigações Gerais e Operações Especiais. “As investigações policiais já realizadas — e ainda em andamento — não permitiram, até o momento, identificar o paradeiro da Sra. Zambelli“, afirmou a vice-ministra.

Críticas à condução do caso

A resposta indignou o deputado Angelo Bonelli, da Aliança Verde e de Esquerda, que acusou o governo de Giorgia Meloni, primeira líder da ultradireita a ocupar o cargo desde Benito Mussolini, de omissão deliberada. Bonelli afirmou que as autoridades italianas já sabiam da chegada de Zambelli antes mesmo da publicação do alerta da Interpol. Para ele, a situação é “absurda e inaceitável”.

Fuga

A ida da deputada à Itália foi interpretada como tentativa de fuga pela Justiça brasileira, que expediu mandado de prisão e solicitou sua inclusão na lista de procurados da Interpol. Ainda assim, ela conseguiu entrar no país europeu utilizando um passaporte italiano válido, emitido antes da condenação.

Zambelli foi condenada por unanimidade (5 a 0) pela Primeira Turma do STF, em maio deste ano. Além da pena de dez anos de prisão, a parlamentar teve o mandato cassado. A decisão se refere à invasão dos sistemas do CNJ, da qual participou em 2022.

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Last Update: 13/06/2025