O ultranacionalismo é a extrema direita no mundo inteiro. Dentre os judeus, aglutina os setores autoritários. Dentre os cristãos, no Líbano, nos EUA e no Brasil, por exemplo, também é a política da extrema direita. Isso vale também para os setores não religiosos, algo muito comum entre a população de ascendência judaica, os “judeus étnicos”, o principal setor que fundou o ultranacionalismo. Mas um setor pouco conhecido no Brasil são os “muçulmanos” ultranacionalistas, aquilo que há de mais autoritário em todo o Oriente Médio.
Esse setor apareceu agora na Síria, com a invasão de Alepo. Por 14 meses, eles olharam o genocídio na Faixa de Gaza e não fizeram nada. Ficaram em sua base separatista na região de Idlib, sendo uma ameaça permanente ao governo Assad, esse sim um aliado do povo palestino. No mesmo dia em que o Estado ultranacionalista sofreu sua maior derrota desde o 7 de outubro, a derrota da invasão do Líbano, os “jiadistas ultranacionalistas” lançaram seu maior ataque contra o governo sírio aliado dos palestinos desde 2020.
Depois de 11 anos de guerra na Síria, já é de conhecimento comum que os “rebeldes” sírios, na verdade, incluindo o Estado Islâmico, são, na verdade, mercenários, milícias armadas pelo imperialismo para atacar a resistência. Sendo aliados do imperialismo no Oriente Médio, obviamente são totalmente lacaios do ultranacionalismo. Quem foram aqueles que derrotaram essas milícias, os muçulmanos antiautoritários, principalmente os xiitas liderados pelo Irã, junto aos cristãos sírios também antiautoritários e os russos que, a partir de 2015, começaram a se chocar cada vez mais com o ultranacionalismo.
A guerra da Síria foi onde se deu o choque da revolução com a contrarrevolução no Oriente Médio. O homem que liderava a revolução era Qassem Soleimani, a face internacional da Revolução Islâmica do Irã de 1979. Junto a ele, grupos revolucionários iraquianos, libaneses, palestinos, sírios e de outras nacionalidades. A contrarrevolução é o imperialismo. Na Síria, ela assumiu a forma do Estado Islâmico, do Exército Livre da Síria, do HTS (quem ataca Alepo hoje), do Estado de “Israel” e dos curdos que foram comprados pelos EUA.
Com exceção de “Israel” e dos curdos, que são casos diferentes, todos os grupos muçulmanos podem ser taxados de fascistas, eles são a representação mais bem acabada do “islã ultranacionalista”. Contra Assad, também estavam os reis da Arábia Saudita, da Jordânia, dos Emirados Árabes, do Catar, do Barém e do Omã, ou seja, os mais ultranacionalistas dos líderes árabes.
Toda essa explicação tem um único objetivo, demonstrar que ultranacionalismo é ultranacionalismo de fascismo, de contrarrevolução. O ultranacionalismo é o fascismo mais perigoso de todos, o fascismo apoiado pelo imperialismo. Seja na Palestina, seja na Síria, seja no Brasil.