As eleições de Honduras, onde a esquerda nacionalista chegou ao terceiro lugar, marcaram, uma vez mais, o cenário extremamente preocupante da política latino-americana. O mapa da região hoje aparece como uma espécie de fileira de dominós, na qual uma peça vai caindo após a outra.
A maioria das nações já se encontram dominadas pelo imperialismo, exemplo de Paraguai, Peru, Bolívia e Equador. No Chile, a extrema direita pinochetista está muito próximo de vencer as eleições. No Uruguai, no Brasil e na Colômbia, a esquerda está sob enorme pressão. No México, o governo de Claudia Sheinbaum enfrente um movimento com características claramente golpistas.
O motivo por trás dos golpes e das ditaduras na América Latina é a ofensiva do imperialismo em todo o mundo, que visa disciplinar os governos em torno de sua política de guerra contra Rússia, China e Irã. No entanto, não há como isentar o papel da esquerda pequeno-burguesa latino-americana nesse processo.
A capitulação política, ideológica e programática da esquerda foi a norma nos últimos anos. Em muitos casos, houve uma rendição total e completa. Em outros, uma série de concessões e adaptações pontuais que minaram sua base de resistência.
No Paraguai, após a derrubada do governo, a esquerda se adaptou ao novo quadro político. O mesmo ocorreu no Brasil, onde a busca pela “governabilidade” levou a uma série de concessões que pavimentaram o caminho para a crise. No Chile, o próprio governo de Gabriel Boric preparou o terreno para a vitória da direita. Em Honduras, a esquerda, mesmo denunciando a fraude, marchou para a eleição “como um boi para o matadouro”, sem convocar os povos às ruas, mesmo diante dos indícios de que aconteceria um golpe de Estado.
A ilusão nas instituições e na dita “democracia” levou à passividade. No Brasil, o apoio incondicional do PT ao Supremo Tribunal Federal (STF), está preparando o terreno para uma vitória direita, eliminando qualquer margem para a denúncia das arbitrariedades do regime político. Na Bolívia, o compromisso de Evo Morales em torno da candidatura de Luis Arce levou o próprio Morales a ser golpeado, impedido de disputar as eleições deste ano. No Equador, o Rafael Correa realizou um compromisso semelhante, indicando o traidor Lenín Moreno.
Os golpes e as derrotas eleitorais, portanto, não são apenas o resultado da força bruta do imperialismo, mas também da falta de confiança da própria esquerda em sua força principal: a mobilização independente e organizada do povo trabalhador.