O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, derrubou o sigilo do inquérito que investiga o plano bolsonarista contra a democracia brasileira, orquestrado para assassinar o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o próprio Moraes.
“Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio, de forma direta e efetiva, dos atos executórios realizados pela organização criminosa, que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz o relatório da Polícia Federal.
“O arcabouço probatório colhido indica que o grupo investigado, liderado por Jair Bolsonaro, a época presidente da República, criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do país desde 2019”, acrescenta.
Em outro trecho, a PF afirma que a investigação obteve “elementos de prova que corroboram a presente hipótese criminal, demonstrando que o ato executivo ilícito foi elaborado pelo então presidente da República”.
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Diante das evidências que pesam contra Jair Bolsonaro e a quadrilha arregimentada por ele para enterrar o Estado Democrático de Direito, além das recentes e constrangedoras falas do capitão da extrema direita, confessando que uma conspiração foi, de fato, gestada dentro do Palácio do Planalto, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, exigiu punição ao ex-presidente, como manda a lei.
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“Golpe não é ‘coisa séria’, Bolsonaro: golpe é crime. Contra a democracia e o Estado de Direito, previsto na lei. E o seu golpe fracassou, simples assim. Responda por seus crimes na Justiça, porque, para o país e para a História, você já está condenado”, publicou Gleisi, na rede social X.
A PGR tem prazo de 15 dias para se manifestar, mas a expectativa é de que o procurador-geral, Paulo Gonet, apresente denúncia contra o capitão da extrema direita apenas em 2025. Na última quinta (21), a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro e outros 36 extremistas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Reações desesperadas
As reações desesperadas de Bolsonaro ao cerco da Justiça, hora de tentar minimizar seu indiciamento pela PF, hora de se vitimizar, foram constrangedoras até para os padrões da extrema direita. “Posso ser preso ao sair daqui”, indicou os jornalistas, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, na segunda (25).
Na mesma entrevista, o ex-presidente chegou a admitir que o Estado de Sítio estava entre seus desejos, depois de perder as eleições de 2022. A solução, argumentou Bolsonaro, seria uma maneira de se manter “dentro das quatro linhas”. “Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá para resolver tudo nas quatro linhas”, confabulou.
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Confissão dos Criminosos
O deputado federal Lindbergh Farias ironizou os argumentos de Bolsonaro para esvaziar o processo. Na avaliação do parlamentar, o ex-presidente cometeu um deslize e admitiu os crimes. Bolsonaro disse, nas redes sociais, após receber o indiciamento, que um golpe de Estado ocorre apenas quando há “presidente empossado”, o que ainda não era o caso de Lula, no momento da intenção fascista.
“Lula foi eleito. Lula tinha sido diplomado em 12 de dezembro. Isso aqui é inacreditável. É uma confissão. O que passa na cabeça de um sujeito como esse? […] Não pode ter anistia dos golpistas”, defendeu Lindbergh, por meio do X.
As manifestações de Bolsonaro confirmam que o PT já apontava desde 2021, quando iniciou a série Réu Confesso, uma sucessão de materiais para mostrar todos os crimes cometidos por Bolsonaro à frente da Presidência, dos crimes ambientais ao negacionismo científico que resultaram na morte de mais de 700 mil brasileiros, fato que popularizou e associou o termo “genocida” ao seu governo desastroso.
Da Redação, com O Globo.