“Foi uma brincadeira”: o depoimento do bolsonarista que assassinou Marcelo Arruda

O bolsonarista Jorge Guaranho, assassino de Marcelo Arruda. Foto: reprodução

O ex-policial penal Jorge Guaranho, condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato do militante petista Marcelo Arruda em 2022, prestou depoimento ao Tribunal do Júri na noite da última quarta-feira (12), em Curitiba. Durante o julgamento, o assassino afirmou que atirou em Arruda para se defender, alegando que estava em uma situação de “atirar ou ser baleado”.

O crime, que ocorreu durante uma festa de aniversário de Arruda em Foz do Iguaçu (PR), ganhou repercussão nacional e reacendeu o debate sobre violência política no Brasil.

Guaranho, que se recusou a responder perguntas do Ministério Público, disse estar arrependido e classificou sua atitude como “uma idiotice”.

Ele admitiu que chegou à festa de Arruda tocando música da campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL), mas afirmou que o volume estava baixo porque seu filho estava no carro. “Hoje percebo que foi uma idiotice, com certeza”, disse, referindo-se ao ato como “uma brincadeira”.

O assassinato ocorreu em 9 de julho de 2022, quando Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do diretório municipal do PT em Foz do Iguaçu (PR), comemorava seu aniversário de 50 anos com familiares e amigos.

Marcelo Arruda foi assassinado ao comemorar seu aniversário de 50 anos com temática petista. Foto: reprodução

A festa tinha decoração com símbolos do PT e do então candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Guaranho invadiu o local, gritou “Bolsonaro mito” e, após uma discussão, atirou contra Arruda, que reagiu e também disparou, mas não resistiu aos ferimentos.

O bolsonarista relatou ao júri que, ao chegar à festa, ouviu Arruda responder “cadeia [para Bolsonaro]” e que houve uma “discussão boba”.

Ele afirmou que Arruda jogou terra na janela do carro, atingindo seu rosto e o de seu filho. “Voltei para casa, mas no caminho percebi que meu filho também tinha sido atingido. Fiquei com muita raiva e decidi retornar para buscar explicação”, disse. Ao retornar, Guaranho afirmou que Arruda apontou uma arma para ele, o que o levou a atirar em legítima defesa. “Foi uma fatalidade”, declarou.

A defesa do atirador tentou enfatizar as agressões e tiros que ele teria sofrido no local, além de sequelas físicas, como projéteis alojados no corpo e dificuldades de locomoção. Os advogados também mencionaram um laudo que apontava amnésia pós-trauma, mas Guaranho afirmou que se lembra do dia do crime. “Me recordo do dia”, disse ele aos jurados.

Nesta quinta-feira (13), a juíza Michelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba, leu a sentença de 20 anos de prisão após a decisão dos sete jurados, sendo quatro mulheres e três homens.

 

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