Nesta segunda-feira (12), o Departamento Federal de Investigação (FBI, sigla do inglês) tornou públicos aproximadamente 2.400 documentos inéditos relacionados ao assassinato do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy (JFK), em 1963. Os registros fazem parte de um acervo de 14 mil páginas, identificado pela agência durante uma revisão ordenada pelo presidente Donald Trump ainda em 2017, que exigia a divulgação total dos arquivos sobre o caso. No entanto, segundo a reportagem, esses documentos nunca foram entregues à força-tarefa responsável por revisar e liberar os registros ao público.
Há mais de 60 anos, o assassinato de Kennedy em Dallas, Texas, é alvo de teorias da conspiração, alimentadas principalmente pela recusa do governo dos EUA em divulgar todas as informações disponíveis. A revelação de novos documentos indica que órgãos como o FBI e, principalmente, a Agência Central de Inteligência (CIA, sigla do inglês) podem ter deliberadamente ocultado informações ao longo das décadas.
A Casa Branca foi informada da descoberta dos documentos na última sexta-feira (9). Segundo especialistas, o conteúdo pode trazer novas perspectivas sobre um dos episódios mais controversos da história dos EUA. Além disso, a revelação pode impulsionar mudanças na forma como as agências de inteligência lidam com a transparência e a divulgação de registros históricos.
CIA freou liberação dos arquivos desde os anos 90
A Lei dos Registros de JFK, aprovada em 1992, determinava que todos os documentos sobre o caso fossem entregues ao Conselho de Revisão dos Registros do Assassinato de JFK e divulgados integralmente até 2017. No entanto, os arquivos recém-descobertos não passaram por esse processo, evidenciando falhas ou omissões deliberadas no cumprimento da legislação.
Em 2017, Trump cedeu à pressão da CIA e adiou a liberação completa dos documentos. Seu sucessor, Joe Biden, manteve a postura e autorizou apenas uma divulgação parcial, o que reforçou as suspeitas de que a inteligência americana tem informações comprometedoras sobre o caso.
A imprensa imperialista dissemina ceticismo ao argumentar que os registros ocultados dificilmente irão revelar provas definitivas sobre se Lee Harvey Oswald agiu sozinho ou fez parte de uma conspiração maior. No entanto, no mínimo, eles podem esclarecer por que documentos cruciais foram retidos por tanto tempo, reacendendo a desconfiança de que o governo americano encobriu informações que poderiam mudar a versão oficial do caso.
Apesar da ordem de Trump para liberar todos os registros, a CIA e outras agências de inteligência continuam tentando barrar a divulgação total.
A ordem executiva de Trump também determinou a liberação de documentos sobre os assassinatos de Robert F. Kennedy, em 5 de junho de 1968, e do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr., em 4 de abril de 1968. A previsão é que esses arquivos sejam tornados públicos até 9 de março deste ano.
O que sabemos até o momento sobre o assassinato de JFK
Mais de 60 anos após o assassinato de John F. Kennedy, o caso continua envolto em mistério. A versão oficial aponta Lee Harvey Oswald como único responsável pelo crime. O FBI e a CIA, que há décadas ocultam informações, ainda resistem à liberação completa dos arquivos, mesmo com leis e ordens presidenciais exigindo a divulgação.
A versão oficial sustenta que Oswald, um ex-fuzileiro naval com histórico de deserção para a União Soviética, agiu sozinho. No entanto, documentos revelados posteriormente mostram que a CIA e o FBI o monitoravam muito antes do assassinato, levantando questões sobre a vigilância e o acompanhamento nos dias anteriores ao crime.
Além disso, Oswald negou a autoria do assassinato após ser preso e se declarou “um bode expiatório”. Ele sequer teve tempo de se defender: foi morto dois dias depois por Jack Ruby, um dono de boate com ligações com o crime organizado. A morte de Oswald, antes que pudesse ser julgado, eliminou qualquer possibilidade de um interrogatório mais profundo.
Um dos pontos mais questionados da Comissão Warren é a chamada teoria da bala mágica. Segundo o relatório, um único projétil teria atingido Kennedy e o governador do Texas, John Connally, causando sete ferimentos diferentes antes de ser encontrado quase intacto em uma maca no hospital. Especialistas em balística consideram esse cenário improvável, já que o projétil teria que mudar de trajetória múltiplas vezes no ar.
Essa inconsistência levou ao questionamento sobre a presença de um segundo atirador, hipótese reforçada pelo Comitê de Assassinatos da Câmara dos EUA, que em 1979 concluiu haver uma “alta probabilidade” de uma conspiração, possivelmente envolvendo mais de um atirador.
Diversos depoimentos de testemunhas oculares contradizem a versão oficial. Policiais e jornalistas que estavam próximos ao local afirmaram ter ouvido disparos vindos de outra direção, especialmente do chamado Grassy Knoll, um pequeno morro na Dealey Plaza. No entanto, essas declarações foram ignoradas ou minimizadas pela Comissão Warren.
Outro fator suspeito é que várias testemunhas importantes morreram em circunstâncias questionáveis nos anos seguintes. Algumas sofreram acidentes misteriosos, outras foram assassinadas sem que houvesse resolução para os casos.