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Independência ou subordinação?
por João Pedro Silva
Exigir provas de votação nas eleições venezuelanas, propor novas eleições, são ingerências indevidas e desrespeito à nossa Constituição e ao país vizinho e amigo.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
Lula, talvez mal assessorado, entrou numa área movediça, e, quanto mais tenta consertar a sua participação na questão interna da Venezuela, mais se afunda.
O que estão fazendo com a Venezuela, amanhã pode ser com qualquer país da América do Sul.
Imaginemos o concorrente do Lula afirmando que ganhou e os Estados Unidos (do Trump, por exemplo) exigindo que se apresente os boletins físicos ou as mídias eletrônicas das urnas, sob controle do Justiça eleitoral brasileira, para auditoria externa.
Não estão duvidando do governo Maduro, mas, sim, do Estado venezuelano.
É muito grave! Não se pode aceitar esse procedimento, seria um precedente que eliminaria sobretudo o direito internacional da não-intervenção e da autodeterminação dos povos, tornaria a soberania nacional dos Estados relativa.
Argumentam que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) está sob domínio do Maduro, e antes mesmo do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela concluir a auditoria, também já estão alegando que está sob domínio do Maduro, então, querem uma intervenção no Estado venezuelano, visto que querem negar o empoderamento do chavismo, o processo revolucionário bolivariano?
Lula que já classificara o sistema da Venezuela como excesso de democracia (em 25 anos houve cerca de 30 eleições), agora o classifica como desagradável e autoritário.
O que o incomoda desde a época do Chaves? É a perspectiva revolucionária e socialista do bolivarianismo-chavista?
A linguagem e concepção de Lula é reformista, sem alterar as estruturas do sistema, e em conciliação com o império, já o bolivarianismo se assenta na concepção marxista e leninista da luta e classes.
Lula já declarou algumas vezes que não é revolucionário, todavia, quero crer, obviamente, que não virou contrarrevolucionário.
O subimperialismo é assumir um papel estratégico, no qual o Brasil é o mantenedor da hegemonia dos Estados Unidos na região.
É assumir o desenvolvimento dependente, aceitar a subalternidade ao imperialismo, aumentar a aristocracia operária (expressão de Lênin), é amortecer as contradições entre as classes burguesas e as classes trabalhadoras pela manutenção do sistema.
Seria o lulismo o peleguismo contemporâneo?
O governo brasileiro não deve aceitar o papel de subimperialista, não temos vocação, nem história e seria uma desobediência à Carta Magna, contudo, esse governo está tão benevolente e elogioso dos próceres da ditadura militar, que pode ter encampado essa estratégia, defendida pelos ditadores e auxiliares como Delfim Neto, Roberto Campos (o avô), Golbery do Couto e Silva, e os filhotes daquele regime terrorista, como Bolsonaro, Heleno, Villas Boas, e mais alguns milicos entreguistas e neonazifascistas.
Bolsonaro e os EUA reconheceram Guaidó como presidente fantoche, Lula e o imperialismo vão reconhecer o fascista, terrorista e assassino Edmundo González como presidente ilegítimo?
O governo brasileiro só tem uma posição a tomar e declarar: o Estado da Venezuela é soberano e de acordo com a Constituição do Brasil cabe ao governo brasileiro e o seu presidente respeitarem a soberania de cada país, sem ingerência e intervenção em assuntos internos de outro país, salvo se estiver colocando em risco a independência e integridade do Brasil. (O que não ocorre).
O script é o mesmo das eleições e tentativas de golpes anteriores na Venezuela, o modelo é o mesmo que o imperialismo vem exportando para inviabilizar governos de esquerda, resta saber se o Lula está deixando de ser um estadista para ser um teleguiado de seu amigo Biden.
Lula não tem vocação para o confronto, mas aprecia que haja confronto para ele mediar, todavia, é preciso ter lado e não sacrificar parceiros estratégicos.
O Brasil terá seu merecido espaço com a reorganização internacional, com a multipolaridade, para isso, está no BRICS, no Mercosul; o mundo unipolar, com a hegemonia do imperialismo, está entrópico, só se mantém pelas guerras, mas, o país é pela paz, não somos beligerantes, essa tentativa de se equilibrar entre esses dois mundos, um, o velho, sucumbindo, o outro, o novo, a esperança, vai acabar com a brocha na mão.
Nesse sentido a Venezuela é parceira, como a China e a Rússia, são esses os laços a estreitar.
O Brasil pode e deve encampar as bandeiras da paz, contra o genocídio em Gaza, pelo cessar fogo na Ucrânia, contra os embargos e sanções econômicas, pela devolução dos bens sequestrados da Rússia e da Venezuela pelo imperialismo ocidental.
João Pedro Silva, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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