A operação financeira que permitiu a Elon Musk comprar a rede social Twitter é vista como o pior acordo de aquisição alavancada para bancos desde a crise financeira de 2008.
O dono da Tesla levantou mais da metade dos US$ 44 bilhões usados para a aquisição da rede social, mas cerca de US$ 13 bilhões foram obtidos junto a um consórcio de credores para que os acionistas da montadora de carros elétricos não fossem sobrecarregados após a liquidação de ações para a aquisição da rede social.
Contudo, os bancos de investimento não conseguiram vender essa dívida e, segundo dados, nenhuma dívida alavancada esteve por tanto tempo nos balanços dos bancos desde a falência do Lehman Brothers.
As instituições que integram esse consórcio – dentre eles os bancos Barclays, Morgan Stanley e Bank of America – começaram a indicar que a posse dessa dívida começa a comprometer seus resultados financeiros.
Musk tem mantido conversas com os banqueiros para tentar reestruturar essa dívida para termos mais sustentáveis, o que mais uma vez pode envolver o capital da Tesla negociado em mercado.
Prognósticos traçados pela gestora de ativos Halter Ferguson Financial mostram que Elon Musk pode se ver obrigado a vender até US$ 2 bilhões em ações da Tesla para resolver os problemas financeiros da rede social.
Como funciona uma operação alavancada
Em operações desse tamanho, os bancos costumam subscrever o financiamento dessa dívida, a empacotam e a vendem para investidores profissionais ao longo de semanas ou meses.
O acordo para a compra do Twitter foi fechado em outubro de 2022, no mesmo período em que os custos dos empréstimos começaram a subir. Por conta desse cenário, os bancos de investimento não conseguiram vender essa dívida e seguem com os papéis em seus balanços.
As finanças da rede social têm sido outro ponto de impacto: esperava-se que o Twitter arcasse com mais de US$ 1 bi em juros anuais, antes de despesas de capital e despesas operacionais. Porém, sua receita pode estar próxima de US$ 600 milhões neste ano.