Boato – Um garoto de 13 anos, identificado como João Pedro, teria sido preso na Febem de São Paulo por dizer a dois colegas que “beijar homem com homem é pecado, segundo a Bíblia”. A prisão teria ocorrido por “homofobia” e autoridades teriam agido por “cristofobia”.
Análise
Circula em grupos de WhatsApp e nas redes sociais uma mensagem que afirma que um menino de 13 anos, chamado João Pedro, foi preso na Febem de São Paulo após dizer a dois colegas que “beijar homem com homem é pecado, segundo a Bíblia”.
Segundo o texto, a prisão teria sido por “homofobia” e as autoridades responsáveis seriam “cristofóbicas”. A publicação apela à indignação religiosa e apresenta a situação como um ato de perseguição à fé cristã. Leia:
Acabo de saber que um menino de 13 anos está preso na Febem de São Paulo, desde a semana passada, por mostrar para dois meninos da escola que beijar homem com homem é pecado, segundo a Bíblia. O crime inventado é homofobia, pelas autoridades “cristofobicas”. Oremos por João Pedro, e que as autoridades sejam acionadas para punir que o prendeu por sua fé.
Checagem
A mensagem gerou discussões nas redes e, para esclarecer, respondemos às seguintes perguntas: 1) Menino de 13 anos foi preso na Febem por homofobia após citar a Bíblia para colegas gays da escola? 2) Seria possível um menino de 13 anos ser preso por citar a Bíblia para colegas da escola? 3) O que há mais de errado na história?
Menino de 13 anos foi preso na Febem por homofobia após citar a Bíblia para colegas gays da escola?
Não. Não há qualquer registro em portais de notícias confiáveis, comunicados de autoridades ou publicações oficiais que confirmem o caso. Além disso, o nome “Febem” deixou de ser usado em São Paulo em 2006, quando foi substituído pela Fundação Casa. A inexistência de provas, combinada com o uso de uma denominação extinta, já indica que a narrativa não tem fundamento.
Seria possível um menino de 13 anos ser preso por citar a Bíblia para colegas da escola?
No Brasil, adolescentes não são presos, mas sim submetidos a medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Uma fala isolada, ainda que interpretada como ofensiva, dificilmente resultaria em internação. Casos de discurso religioso só poderiam ter implicações legais se configurassem incitação à violência ou discurso de ódio, algo que não foi comprovado na história divulgada.
O que há mais de errado na história?
Além do uso incorreto do termo “Febem”, a narrativa parece ser uma adaptação de um boato já desmentido em países de língua espanhola, onde circulou com nomes e locais diferentes. Essa prática é comum em correntes falsas, que são “tropicalizadas” para ganhar relevância em outros contextos.
Conclusão
A história de que um menino de 13 anos teria sido preso na “Febem” de São Paulo por dizer que “beijar homem com homem é pecado” é falsa. Não há registros do caso, o nome da instituição está desatualizado e a narrativa já foi vista em versões semelhantes no exterior. Trata-se de mais um boato adaptado para gerar indignação e engajamento nas redes sociais.
Fake news ❌
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