Funcionários da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores decidiram aprovar um indicativo de greve e estado permanente de mobilização após recusarem a proposta de reajuste salarial do Ministério da Gestão e Inovação, que ficou muito abaixo da expectativa da categoria.
Em nota à imprensa, os diplomatas informaram que a decisão "reflete a insatisfação geral da categoria com a falta de valorização e reconhecimento da importância da carreira diplomática, em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do BRICS e a COP-30. seria insuficiente para recompor as perdas inflacionárias do período recente".
Os diplomatas rejeitaram proposta que previa um aumento salarial não linear, com percentuais variando de 7,8% para a classe de Terceiros Secretários (TS) até 23% para os Embaixadores (Ministros de Primeira Classe, MPC), escalonados entre 2025 e 2026.
No comunicado, eles sustentam que o reajuste é insuficiente para repor as perdas inflacionárias dos últimos anos, e por não compensar o problema de imobilidade na carreira.
"Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo salarial em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo da carreira. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada com vagas limitadas por classe, número significativo de diplomatas fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias da carreira. Por esta razão, é grande a insatisfação nas gerações mais recentes do Itamaraty, que não têm perspectivas de desenvolvimento profissional na carreira."
Diplomatas do Itamaraty aprovam primeiro indicativo de greve e estado de mobilização permanente da categoria na história do Brasil
Em Assembleia Geral Extraordinária, funcionários da carreira diplomática tomam decisão histórica em resposta à proposta salarial do MGI
No dia 12 de agosto, na mais numerosa Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada pela ADB Sindical (Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros) desde sua fundação, funcionários e funcionárias da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores decidiram, após ampla discussão e aprovação por 95% dos presentes, pelo primeiro indicativo de greve e estado de mobilização permanente da categoria na história do Itamaraty. A decisão surge em resposta à contraproposta de readequação salarial apresentada pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), que ficou muito abaixo das expectativas da categoria.
Os diplomatas rejeitaram a proposta do MGI, que previa um aumento salarial não linear, com percentuais variando de 7,8% para a classe de Terceiros Secretários (TS) até 23% para os Embaixadores (Ministros de Primeira Classe, MPC), escalonados entre 2025 e 2026.
Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo salarial em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo da carreira. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada com vagas limitadas por classe, número significativo de diplomatas fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias da carreira. Por esta razão, é grande a insatisfação nas gerações mais recentes do Itamaraty, que não têm perspectivas de desenvolvimento profissional na carreira.
Diante desse quadro de fluxo estagnado, a maior parte dos diplomatas, pertencente às classes de Terceiro Secretário, Segundo Secretário e Primeiro Secretário, ficaria com um reajuste abaixo de 16%, o que seria insuficiente para recompor as perdas inflacionárias do período recente. A oferta salarial foi considerada insuficiente em comparação com a proposta original da ADB Sindical, que previa um reajuste linear de 36,9%.
A decisão de um indicativo de greve reflete a insatisfação geral da categoria com a falta de valorização e reconhecimento da importância da carreira diplomática, em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do BRICS e a COP-30.