Desvio de cota parlamentar: PF encontra mensagens sobre pagamentos ‘por fora’ feitos por Sóstenes e Jordy

Mensagens trocadas pelos assessores dos deputados federais bolsonaristas Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) citam pagamentos “por fora” a uma suposta empresa de fachada. Segundo as investigações, os repasses aconteciam com anuência dos parlamentares.

As mensagens transcritas constam da decisão assinada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que autoriza a operação realizada nesta sexta-feira 19 pela Polícia Federal. Agentes estiveram, durante a manhã, em endereços ligados aos dois deputados no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro.

“Segunda feira o deputado vai vir segunda, aí eu vou ver com ele pra pagar o outro por fora, tá bom? Na segunda-feira, tá? E segunda-feira tá todo mundo aqui, eu vou ver com ele, tá bom?”, diz uma das mensagens enviada por assessor de Jordy em um grupo. A conversa foi interceptada pela PF e transcrita na decisão de Dino.

Em outro trecho da investigação citado na decisão do ministro, a menção ao pagamento “por fora” é feita por Adailton Oliveira dos Santos, assessor de Sóstenes. “Entre os dias 27/02/2024 e 13/03/2024, a dupla volta a discutir o novo contrato de locação. ADAILTON sugere o valor de R$ 2.200,00 e indica que SÓSTENES continuaria ‘pagando por fora’. Ele solicita ainda que ITAMAR verifique a existência de um veículo que ainda não tenha sido objeto de contrato: ‘tem que ver o carro que nunca foi colocado lá, né? No gabinete’”.

Ainda segundo o documento, há informações apuradas pela PF sobre movimentações de dinheiro não declarado que chegam a 27 milhões de reais nas contas de quatro dos assessores investigados.

Sóstenes e Jordy são investigados em um possível esquema de desvio de verbas parlamentares envolvendo uma empresa de aluguel de veículos que, segundo a PF, pode ser de fachada.

Em postagem nas redes sociais, Jordy, usando camisa com fotos e o nome da filha – que, segundo ele, faz aniversário nesta sexta –, se disse perseguido. Ele relatou que os agentes foram à residência da família no início da manhã, e disse que a Haruê Locação de Veículos, empresa investigada, presta serviços para outros parlamentares.

“A alegação deles é tosca. Dizem que chama muita atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários outros deputados, inclusive. Dizendo que as outras empresas têm mais de 20 veículos, 20 veículos na sua frota, e a Haruê locação tem apenas cinco veículos, e por isso seria empresa de fachada”, bradou.

O parlamentar, porém, não citou que a suposta locadora de veículos não funciona nos endereços registrados, conforme constatou a PF em investigação. “Em diligência in loco, a equipe de policial constatou que a empresa não funciona mais em seu domicílio, o que permite concluir a dissolução irregular da empresa”, diz um trecho da conclusão dos agentes citada por Dino. “Conquanto dissolvida irregularmente, a referida sociedade empresária continua a receber pagamentos”, completa a PF mais adiante.

Sóstenes, por sua vez, não comentou a operação, mas em nota encaminhada a CartaCapital prometeu uma coletiva de imprensa para tratar do assunto. A entrevista será no Salão Verde da Câmara ao meio dia.

Artigo Anterior

Operação da PF contra Sóstenes teve início há um ano e apura contratos falsos para desviar dinheiro

Próximo Artigo

Emissoras de TV fecham as portas para Zezé Di Camargo após ataques misóginos contra as filhas de Silvio Santos

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!