Deputados temem investigação da PF após apoiar Bacellar; tensão aumenta na Alerj

Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj e o ex-deputado TH Joias

A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, gerou um clima de apreensão entre os deputados, que temem ser alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF). O temor cresce à medida que se aproxima a sessão de segunda-feira, 8 de dezembro, quando os parlamentares votarão a favor ou contra a soltura de Bacellar. Nos bastidores, circula a avaliação de que um voto a favor da libertação do presidente da Alerj pode ser interpretado como alinhamento com interesses de organizações criminosas, especialmente o Comando Vermelho (CV).

A decisão de prisão de Bacellar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, incluiu uma devassa nos processos eletrônicos do Estado do Rio, visando detalhar a participação do parlamentar em uma manobra política envolvendo a sucessão rápida de TH Jóias, ex-deputado acusado de envolvimento com o CV. A PF apreendeu três celulares de Bacellar durante a prisão, o que ampliou o receio entre os deputados que mantiveram conversas com o presidente da Alerj.

O material recolhido, que inclui mensagens e conversas extraídas dos celulares, pode fornecer informações cruciais sobre o envolvimento de Bacellar com práticas criminosas. Caso sejam encontradas evidências comprometedoras, os parlamentares que votarem pela soltura de Bacellar poderão ser investigados, com seus nomes confrontados com os registros da votação. Isso aumenta a pressão sobre os deputados, que temem represálias tanto dentro da política quanto nas comunidades mais afetadas pelo poder das facções criminosas.

Além da pressão externa da Polícia Federal, Bacellar também está cobrando lealdade de seus aliados políticos, enviando recados por meio de visitantes enquanto permanece preso. O presidente da Alerj lembra dos acordos firmados antes de sua prisão, como a distribuição de cargos e a articulação política com diversos partidos, incluindo de esquerda. Agora, Bacellar exige que os parlamentares “paguem a dívida” e votem a seu favor, reforçando o ambiente de tensão.

Moraes determina devassa em processos eletrônicos do Rio para apurar participação de Bacellar em manobra para sucessão de TH Jóias

O envolvimento de Bacellar com o ex-deputado TH Jóias, preso por ligações com o Comando Vermelho, aumenta ainda mais a complexidade do cenário político. Em uma das imagens obtidas pela PF, TH Jóias aparece mostrando o seu freezer para Bacellar, perguntando se deveria levar as carnes armazenadas ali. O ex-deputado retirou diversos itens do local antes de ser preso, o que levanta suspeitas sobre o aviso de Bacellar sobre sua iminente detenção.

Apesar do risco de ser investigado, alguns deputados ainda consideram votar a favor da soltura de Bacellar, com a esperança de que isso possa minimizar o impacto de futuras investigações. A avaliação é de que, ao cumprir a ordem do STF que afastou Bacellar da presidência da Alerj, o parlamento poderia evitar um foco de investigação maior, apostando em uma solução política para reduzir a tensão institucional.

O cenário paradoxal reflete a fragilidade das posições dos parlamentares da Alerj, divididos entre cumprir a decisão do STF e se alinhar com o sistema político que Bacellar representa. Muitos temem que, caso votem contra o presidente da Casa, suas famílias, especialmente aquelas com raízes em favelas, possam ser alvo de retaliações do CV, exacerbando ainda mais a tensão entre os deputados.

Com as eleições para a presidência da Alerj e as investigações sobre Bacellar em andamento, o clima político no Rio de Janeiro segue instável. A tensão entre a lealdade política, a pressão de facções criminosas e a preocupação com investigações da PF cria um cenário complexo para os parlamentares, que terão que tomar decisões difíceis nos próximos dias.

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