A defesa do ex-presidente de Jair Bolsonaro (PF), representada pelo advogado Paulo Amador Bueno, tenta emplacar uma nova tese para livrar o ex-capitão, indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista à Globonews, na tarde de ontem (29), Bueno declarou que um dos documentos apreendidos pela PF sobre a trama golpista – que Bolsonaro não teria conhecimento – previa a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria formado pelo ex-ministro Augusto Heleno e pelo ex-ministro Walter Braga Netto, e não pelo então presidente.
“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do ‘Plano Punhal Verde e Amarelo’ e, nessa junta, não estava incluído o presidente Bolsonaro“, disse Bueno.
Esse plano em específico, citado por Bueno, continha estratégias para matar o presidente eleito Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Não tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo em dado caso, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo“, reforçou o advogado.
Logo após as declarações desta sexta repercutirem, Braga Netto divulgou nota em que classificou como “tese absurda e fantasiosa” a alegação da defesa de Bolsonaro de que estaria envolvido em um “golpe dentro do golpe”.
O que dizem as investigações da PF
As alegações da defesa do ex-presidente foram postas após a divulgação de um relatório da PF que demostrou, em mais 800 páginas, que Bolsonaro atuou diretamente na investida golpista, após perder as eleições presidenciais em 2022. O ex-chefe do Executivo foi indiciado junto de outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa.
Um dos principais pontos que sustentam as conclusões dos investigadores, está o fato do ex-presidente ter apresentado um decreto golpista aos comandantes das Forças Armadas. O então chefe do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmaram em depoimento à PF que receberam a proposta e disseram que o chefe da Marinha à época, Almir Garnier Santos, foi o único a colocar suas tropas à disposição de Bolsonaro.
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Fontes:
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