Na última quinta-feira (21), jornalistas da Globo em Brasília criaram uma cena teatral para apurar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e publicaram o vídeo nas redes sociais do “Jornal Nacional”. O conteúdo foi rapidamente removido, após gerar desconforto dentro da emissora e críticas nas redes sociais, especialmente de perfis ligados à direita.
O vídeo, protagonizado pelo repórter Vladimir Netto, apresentou os repórteres de forma dramática, discutindo o relatório da Polícia Federal que envolvia Bolsonaro em uma trama golpista.
Segundo Gabriel Vaquer, da Folha de S.Paulo, a ideia partiu da coordenação de reportagem da Globo em Brasília, mas não foi unanimemente apoiada. Luiz Ávila, diretor de jornalismo no Distrito Federal, demonstrou hesitação em relação à produção, mas acabou sendo voto vencido.
Dentro da Globo, o vídeo foi considerado fora do padrão editorial da emissora, sendo descrito como “pobre” por alguns dos seus principais apresentadores, como William Bonner, editor-chefe do “Jornal Nacional”.
A ordem para excluir o vídeo partiu de Ricardo Villela, diretor de jornalismo da Globo, que só soubera da publicação depois que o vídeo já havia sido disseminado. Segundo relatos internos, Villela não aprovou o tom do conteúdo e decidiu retirá-lo para evitar que continuasse sendo compartilhado por perfis ligados à extrema-direita.
— Somos um veículo velho. Precisamos usar essa tal de Internet! — Pode deixar, chefe! Já tenho o roteiro. — Mas vai ficar natural? — Super! pic.twitter.com/3WrWzKBMdp
— Rafinha Bastos (@rafinhabastos) November 22, 2024
A situação se complicou quando o vídeo viralizou, principalmente em perfis de direita, e passou a ser alvo de piadas e críticas. Humoristas como Rafinha Bastos repostaram o material, o que aumentou a repercussão negativa. “Tudo muito natural como um pinguim caminhando na Amazônia”, ironizou o comediante.
“Que vergonha. O foco está nas ‘estrelas da casa’ e não na notícia, que é o mais grave”, reclamou outro usuário.
Como resposta à situação, a direção da Globo passou a orientar suas equipes de jornalismo a ter mais cautela ao utilizar as redes sociais para projetos “experimentais”. A orientação é que publicações de caráter jornalístico sigam os padrões tradicionais da emissora, evitando sair do tom estabelecido para suas plataformas oficiais.
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