O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, na última terça-feira (3), que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu (0,9%) na passagem do segundo trimestre para o terceiro, com destaque para as áreas de Serviços (0,9%) e Indústria (0,6%).

Apesar do resultado e dos recentes anúncios na área econômica, entre taxa de desemprego e corte de gastos, o mercado financeiro e a mídia tradicional ainda continuam pessimistas em relação à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Para comentar o atual cenário econômico do país, o programa Nova Economia da última quinta-feira (5) contou com a participação do economista e professor Antônio Corrêa de Lacerda. 

“O que chama atenção também no PIB, porque você poderia dizer o seguinte: ‘ah, então é um crescimento induzido só por incentivo ao consumo’. Mas não, depois de muitos anos, nós estamos tendo uma retomada da formação bruta de capital. Isso em bom economês, para quem não é da área, significa os investimentos em infraestrutura, máquinas, equipamentos, tudo aquilo que está aumentando a capacidade produtiva da economia”, explica Lacerda. 

O economista e docente explicou ainda que o PIB é formado por demanda, consumo do governo, consumo das famílias e investimentos. 

“O que gera o investimento? O investimento, ele, no setor privado, ele é induzido, vamos dizer assim, ele é, se toma a decisão de investir a partir das expectativas de crescimento da demanda, portanto da própria economia, e da expectativa de um, em economês aí, seria a rentabilidade marginal do capital, que na prática é o resultado das empresas, não é? O que significa que mais crescimento induz a mais investimento, e por outro lado, o investimento também garante a sustentabilidade do processo econômico, para que não haja gargalos”, continua Lacerda.

No entanto, a restrição fiscal e a elevação da taxa de juros interrompem o virtuoso processo de crescimento. 

“Então, todo esse pânico interessado, muitas vezes, por parte dos agentes econômicos, especialmente do mercado financeiro,  é muito prejudicial, porque ele afeta os preços básicos da economia, especialmente a taxa de câmbio. Afeta a inflação e, evidentemente, cria-se um falso consenso, eu digo falso porque, na verdade, atende mais aos interesses dos rentistasde elevação da taxa de juros”, afirma o economista, adiantando que este é o drama que vamos vivenciar em 2025. 

Papel dos bancos públicos

Antônio Lacerda falou ainda sobre a recuperação do financiamento impulsionada pelos bancos públicos e agências de fomento. 

“Tem havido um esforço, primeiro, de reconstrução do BNDES, porque em momentos anteriores a gente sabe que houve uma descapitalização muito grande, no período de 2016 a 2022,  houve um processo de descapitalização muito grande, e isso foi uma opção política”, lembra o convidado.

“Nós estamos tendo um recorde de desembolso e de aprovações de financiamentos, porque a economia retomou e isso tem puxado novos projetos, novas projeções na infraestrutura. O próprio setor industrial respondendo, finalmente”, aponta Lacerda. 

Para gerar recursos que impulsionem o desenvolvimento foi aprovada pelo Congresso Nacional a Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), equivalente às LCIs, Letra de Crédito Imobiliário, e as LCAs, Letra de Crédito Agropecuário, para que os bancos públicos possam captar recursos diretamente no mercado.

“Estão sendo feitas também captações internacionais, via mercado, tudo isso para criar esses novos fundings. Então, se eu comparar os nove meses de aprovações de 2024,  relativamente a 2022, há quase que o dobro de recursos”, continua o entrevistado, que adianta que apenas o financiamento público não será suficiente para suprir todas as demandas do país.

O programa contou ainda com uma ótima reflexão sobre o momento econômico do Brasil de Leda Paulani.  Confira o debate completo:

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Last Update: 08/12/2024