Laurent Freixe (à esq.) foi demitido por manter um relacionamento secreto com uma funcionária; Philipp Navratil (dir.) assume. Foto: Nestlé

A Nestlé anunciou a demissão de Laurent Freixe do cargo de CEO global após a confirmação de que ele mantinha um relacionamento amoroso com uma funcionária sob sua supervisão direta, em violação ao Código de Ética da companhia. A decisão, divulgada no dia 1º de setembro, foi tomada depois de uma investigação interna ampliada pela empresa, que confirmou a conduta considerada incompatível com os padrões de governança corporativa.

O caso ganhou repercussão na Suíça, onde fica a sede da multinacional, e levantou especulações sobre a identidade da funcionária, que trabalharia na área de marketing e teria sido promovida durante o período em que se relacionou com Freixe. A Nestlé, no entanto, não confirmou essas informações, limitando-se a afirmar que a saída foi necessária para preservar valores e integridade da companhia.

Francês nascido em 1962, Laurent Freixe construiu toda sua carreira na Nestlé, onde ingressou em 1986. Ao longo das décadas, ocupou cargos de liderança em países da Europa, América do Norte e América Latina, além de ter sido CEO da divisão Américas e da América Latina antes de assumir a presidência global em 2024. Ele também foi reconhecido por iniciativas voltadas à empregabilidade jovem, como o programa Nestlé Needs YOUth.

O sucessor escolhido foi Philipp Navratil, funcionário da empresa desde 2001. Navratil iniciou a carreira como auditor interno e passou por diferentes áreas, liderando operações em Honduras e no México, além de estar à frente da Nespresso. Em janeiro de 2025, havia sido nomeado para o conselho executivo e agora assume a presidência global, com a missão de manter o crescimento da companhia em meio à turbulência.

Nestlé (Foto: Fabrice Coffrini/AFP)

A Nestlé reforçou em comunicado que a demissão de Freixe foi motivada pela violação do Código de Conduta, que proíbe relações entre superiores e subordinados diretos para evitar qualquer risco de favorecimento. O presidente do conselho, Paul Bulcke, agradeceu os anos de serviço do executivo, mas destacou que a governança e os valores da empresa são princípios inegociáveis.

Especialistas lembram que, no Brasil, a CLT não trata de relacionamentos no trabalho e a Constituição protege a vida privada, o que torna abusiva qualquer proibição absoluta. No entanto, códigos internos de empresas podem restringir relações entre chefes e subordinados para evitar conflitos de interesse. Para advogados trabalhistas, impor regras fora do ambiente de trabalho pode ser interpretado como invasão de privacidade, mas exigir transparência em casos que afetam a hierarquia é visto como uma medida legítima de proteção à governança.

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Last Update: 07/09/2025