China mais perto da Europa e EUA isolados: o resultado do tarifaço de Trump

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G20 no Japão, em 29 de junho de 2019 – Kevin Lamarque/Reuters

A escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China vem causando impactos além da economia e reacendendo o debate sobre o futuro da geopolítica mundial. Enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, intensifica medidas protecionistas e adota uma postura isolacionista, a China responde com um discurso de abertura, propondo alianças e defendendo o multilateralismo. Com informações do G1.

Ao comentar o aumento mútuo das tarifas comerciais nesta semana, o governo chinês reforçou que a política tarifária estadunidense apenas levará ao isolamento de Washington. Pequim, por sua vez, tem concentrado esforços para “conectar mercados”, mirando regiões como África, América Latina e Europa.

Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem apostado em decretos que afastam mercados e cidadãos estrangeiros, além de intensificar o chamado “tarifaço”, visto como um movimento estratégico para impor novas regras no cenário global.

“Isso é uma forma de Trump alcançar mudanças geopolíticas sem precisar de guerras ou da diplomacia internacional”, afirmou Gustavo Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em geopolítica. Em contraste, o presidente chinês Xi Jinping propôs na sexta-feira (11) que os países se empenhem para “manter a tendência de globalização econômica e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à intimidação”.

Donald Trump durante anúncio de novas tarifas em produtos importados pelos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Para Uebel, Xi deve continuar apostando em parcerias internacionais como única via para sustentar a economia chinesa. Ele acredita, no entanto, que a tensão crescente entre as grandes potências pode levar a uma nova estrutura global.

“A luta de braço entre Putin e Xi deve provocar a fragmentação da multipolaridade. O mundo pode se encaminhar para três grandes zonas de influência: os EUA, a China e a Rússia”, analisou. “Essa deve ser uma mudança no regime internacional mais a longo prazo, mas que vai se desenhando”, completou.

O impacto da guerra tarifária no equilíbrio global já vem sendo observado. Em fevereiro, a revista The Economist classificou a política externa de Trump como “mafiosa” e se referiu ao “Dia da Libertação” anunciado por Trump como “Dia da Ruína”.

Segundo a publicação, o ex-presidente estaria rompendo com as bases da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, promovendo um novo modelo de resolução de conflitos “ao estilo de Don Corleone”, personagem do filme “O Poderoso Chefão”. “Aproxima-se rapidamente um mundo no qual quem tem poder faz o que quer e em que grandes potências fecham acordos e intimidam as pequenas”, apontou a revista.

Capa da revista The Economist diz que Trump causou o “Dia da Rúina” dos EUA. Foto: reprodução

Com os EUA em rota de colisão com a Rússia na guerra da Ucrânia e pressionando aliados econômicos, a União Europeia começa a buscar novos arranjos.

Em reunião com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, Xi Jinping sugeriu que a Europa junte suas forças com a China para resistir ao tarifaço de Trump. Para Uebel, essa aproximação deve crescer. “Pela primeira vez, a UE não está ditando as regras do jogo na geopolítica mundial. Eles se aliarão à China por exclusão”, avaliou.

A China também intensifica sua presença na América Latina, tradicional esfera de influência dos Estados Unidos. Na sexta-feira, o ministro do Comércio chinês conversou por telefone com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Segundo ambos os governos, a pauta incluiu o fortalecimento de organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), peça-chave na defesa da globalização econômica que Pequim busca preservar.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Artigo Anterior

VÍDEO – Ingleses destroem Tesla ao som de Britney Spears em protesto contra Musk

Próximo Artigo

“Vamos tomar nosso quintal de volta”, diz secretário de Defesa dos EUA sobre América Latina

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!