
A escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China vem causando impactos além da economia e reacendendo o debate sobre o futuro da geopolítica mundial. Enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, intensifica medidas protecionistas e adota uma postura isolacionista, a China responde com um discurso de abertura, propondo alianças e defendendo o multilateralismo. Com informações do G1.
Ao comentar o aumento mútuo das tarifas comerciais nesta semana, o governo chinês reforçou que a política tarifária estadunidense apenas levará ao isolamento de Washington. Pequim, por sua vez, tem concentrado esforços para “conectar mercados”, mirando regiões como África, América Latina e Europa.
Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem apostado em decretos que afastam mercados e cidadãos estrangeiros, além de intensificar o chamado “tarifaço”, visto como um movimento estratégico para impor novas regras no cenário global.
“Isso é uma forma de Trump alcançar mudanças geopolíticas sem precisar de guerras ou da diplomacia internacional”, afirmou Gustavo Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em geopolítica. Em contraste, o presidente chinês Xi Jinping propôs na sexta-feira (11) que os países se empenhem para “manter a tendência de globalização econômica e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à intimidação”.

Para Uebel, Xi deve continuar apostando em parcerias internacionais como única via para sustentar a economia chinesa. Ele acredita, no entanto, que a tensão crescente entre as grandes potências pode levar a uma nova estrutura global.
“A luta de braço entre Putin e Xi deve provocar a fragmentação da multipolaridade. O mundo pode se encaminhar para três grandes zonas de influência: os EUA, a China e a Rússia”, analisou. “Essa deve ser uma mudança no regime internacional mais a longo prazo, mas que vai se desenhando”, completou.
O impacto da guerra tarifária no equilíbrio global já vem sendo observado. Em fevereiro, a revista The Economist classificou a política externa de Trump como “mafiosa” e se referiu ao “Dia da Libertação” anunciado por Trump como “Dia da Ruína”.
Segundo a publicação, o ex-presidente estaria rompendo com as bases da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, promovendo um novo modelo de resolução de conflitos “ao estilo de Don Corleone”, personagem do filme “O Poderoso Chefão”. “Aproxima-se rapidamente um mundo no qual quem tem poder faz o que quer e em que grandes potências fecham acordos e intimidam as pequenas”, apontou a revista.

Com os EUA em rota de colisão com a Rússia na guerra da Ucrânia e pressionando aliados econômicos, a União Europeia começa a buscar novos arranjos.
Em reunião com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, Xi Jinping sugeriu que a Europa junte suas forças com a China para resistir ao tarifaço de Trump. Para Uebel, essa aproximação deve crescer. “Pela primeira vez, a UE não está ditando as regras do jogo na geopolítica mundial. Eles se aliarão à China por exclusão”, avaliou.
A China também intensifica sua presença na América Latina, tradicional esfera de influência dos Estados Unidos. Na sexta-feira, o ministro do Comércio chinês conversou por telefone com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Segundo ambos os governos, a pauta incluiu o fortalecimento de organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), peça-chave na defesa da globalização econômica que Pequim busca preservar.
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