Nesta segunda-feira (30), o aparato de repressão do Azerbaijão desatou uma perseguição contra cidadãos russos, prendendo três jornalistas e outras sete pessoas.

Os primeiros jornalistas presos foram dois editores seniores da agência de notícias russa Sputnik Azerbaijão, especificamente o chefe da redação, Igor Kartavykh, e o editor-chefe, Evgeny Belousov.

Um terceiro jornalista também foi preciso no mesmo dia: Aytekin Guseynova, editor da agência russa de notícias em vídeo Ruptly. Ele foi preso por estar filmando ao lado de fora do prédio da Sputnik quando as outras prisões foram feitas.

Nesta terça-feira, o judiciário do Azerbaijão determinou que os editores da Sputnik sejam mantidos em prisão preventiva por quatro meses. Neste mesmo dia, sete outros cidadãos russos foram presos.

Conforme informado pelo canal de comunicação Rybar, citando declaração do Ministério de Assuntos Internos do Azerbaijão, os detidos estão sendo acusados de fazerem parte de “dois grupos do crime organizado envolvidos em fraudes online e tráfico de drogas do Irã”. No entanto, Rybar informa que nenhuma evidência foi fornecida.

A emissora russa RT também informou, citando notícias veiculadas na imprensa azeri, que eles também estão sendo acusados de serem agentes do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), acusação que a Sputnik descreveu como “absurdas”.

Em imagens que estão sendo divulgadas em diversos canais de comunicação no Telegram, pode-se ver os prisioneiros com vários ferimentos, demonstrando que eles foram torturados pelo aparato de repressão do Azerbaijão. Veja as fotos baixo:

Pronunciando-se sobre a perseguição, Dmitri Peskov, porta-voz do Crêmlin (sede presidência da Federação Russa), declarou que a prisão dos jornalistas contradiz absolutamente inconsistente com as normas geralmente aceitas e o espírito das relações bilaterais:

“Estamos falando de jornalistas. É claro que tais medidas contra representantes da imprensa são absolutamente inconsistentes com as regras e normas geralmente aceitas, bem como com o espírito e a natureza das relações entre a Rússia e o Azerbaijão”, declarou Peskov, acrescentando que “estamos interessados ​​no desenvolvimento contínuo de nossas boas relações com o Azerbaijão”.

Ainda, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou nota, informando que “o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Azerbaijão na Rússia, Rahman Mustafayev, foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia” e que “durante uma reunião com o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, foi feito um protesto formal contra as recentes medidas hostis de Baku – ações deliberadas que visam desmantelar as relações bilaterais”, acrescentando ainda que “o chefe da missão diplomática do Azerbaijão recebeu uma nota verbal exigindo a libertação imediata dos jornalistas russos Igor Kartavykh e Yevgeny Belousov, que foram detidos em Baku”.

Contudo, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão, Aykhan Hajizada, declarou que as ações policiais do Azerbaijão “estão em plena conformidade com a lei e os compromissos internacionais do país”, bem como enfatizou que “não há motivos para ressentimento por parte da Rússia”, demonstrando hostilidade do país com a Rússia.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, descreveu as ações de Baku como “hostis” e “ilegais”.

Também se pronunciou sobre a perseguição aos jornalistas russos, o vice-diretor do 4º Departamento da CEI do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Dmitry Masyuk, denunciando que certas forças buscam interromper as relações entre Rússia e Azerbaijão:
“Podemos observar esforços ativos de certas forças para criar uma barreira em nossas relações com Baku. Eles estão especulando sobre a queda do avião da AZAL (Azerbaijan Airlines) em dezembro passado, que, entre outras coisas, levou ao fechamento da Casa Russa em Baku”, declarou Masyuk

Segundo ele, “o Ocidente está tentando tirar a Rússia do processo de normalização entre a Armênia e o Azerbaijão. Isso força as partes a concluírem um acordo de paz às pressas”.

As prisões foram também condenadas por Dmitry Kiselev, chefe do grupo de notícias Rossiya Segodnya que opera a Sputnik, quem declarou os jornalistas estavam sendo tratados “como se fossem terroristas” e qualificou como “absurdas” as acusações de que eles eram agentes do FSB.

A perseguição à Sputnik por parte do Azerbaijão data, ao menos, de fevereiro deste ano, quando o governo azeri tomou medidas para interromper as atividades da emissora no país.

Outros casos semelhantes mostram uma crescente hostilidade do Azerbaijão contra a Rússia. Conforme noticiado pela agência de notícias TASS, “em fevereiro deste ano, a direção da agência russa de cooperação humanitária internacional, Rossotrudnichestvo, anunciou a suspensão das atividades da Casa Russa em Baku, após uma demanda do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão para desocupar suas instalações no centro da cidade”.

Igor Kartavykh e Yevgeny Belousov, os editores da Sputnik presos pelo Azerbaijão, foram adicionados ao banco de dados do Mirotvorets, portal dos nazistas ucranianos em que são divulgados dados pessoais (nomes, fotos, endereços, passaportes) de pessoas acusadas de “atividades antiucranianas”, “colaboração com terroristas”, “propaganda pró-Rússia”. Várias pessoas que apareceram no portal já foram assassinadas, tais como os jornalistas Oles Buzina, Oleg Kalashnikov e Daria Dugina, esta última filha de Alexander Dugin, ideólogo nacionalista russo.

Não coincidentemente, a prisão ilegal dos jornalistas por parte do Azerbaijão, baseada em acusações caluniosas, ocorre após operação policial realizada na manhã da última sexta-feira (27), em Ecaterimburgo, capital da região russa de Sverdlovsk. As autoridades russas – a Guarda Russa, a polícia (MVD) e o Comitê de Investigação (FSB) – realizaram buscas em mais de dez endereços residenciais e comerciais, detendo cerca de 50 pessoas de origem azeri, suspeitas de pertencer a uma organização criminosa acusada de envolvimento em assassinatos e tentativas de homicídio ocorridos em 2001, 2010 e 2011.

Ainda nesta terça-feira, na Rússia, os Policiais dos Urais detiveram o líder de um grupo do crime organizado azeri, chamado de ‘diáspora azeri’, conforme noticiado por Rybar.

A perseguição do Azerbaijão contra os jornalistas e cidadãos russos faz parte do cerco do imperialismo à Federação Russa, que vem derrotando militarmente o imperialismo na Ucrânia, a exemplo da recente libertação completa de Lugansk, uma das Repúblicas Populares surgidas em 2014, em oposição ao golpe imperialista na Ucrânia, que levou ao poder um regime ditatorial sustentando por milícias nazistas.

Faz parte igualmente do cerco do imperialismo contra o Irã. A posição geográfica do Azerbaijão possibilita isolar a Federação da República Islâmica, tanto pelo Cáucaso, como pelo Mar Cáspio.

Não é coincidência que, durante a recente guerra entre Irã e “Israel”, as forças iranianas sofreram ataques na região da fronteira com Azerbaijão. Além disto, foram encontrados tanques de combustível auxiliares descartados por caças israelenses em praias do Mar Cáspio do lado iraniano. Isso sugere que as aeronaves voaram sobre o mar vindo do Azerbaijão.

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Last Update: 02/07/2025