
A candidatura anunciada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem sido tratada como um blefe por aliados e opositores do bolsonarismo. O gesto do senador, apresentado como escolha de Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Presidência, foi recebido com descrença generalizada, tanto entre críticos quanto entre apoiadores da família, conforme informações da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Apesar de concordarem no diagnóstico, cada grupo aponta razões diferentes. Há quem aposte que Flávio acabará retirado da disputa para ceder lugar a Tarcísio de Freitas ou a outro nome da direita.
Para críticos do ex-presidente, o lançamento serviria apenas para preservar o capital político do bolsonarismo enquanto Jair Bolsonaro cumpre pena por tentativa de golpe de Estado e permanece preso na Superintendência da PF em Brasília.

Uso político e fragilidades
Entre aliados, porém, o sentido do blefe é outro: fortalecer Flávio internamente após os atritos recentes com Michelle Bolsonaro.
A ex-primeira-dama criticou o deputado André Fernandes (PL) por articular uma aliança com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, e Flávio respondeu afirmando que ela havia se dirigido ao parlamentar de forma “autoritária e constrangedora”.
Nesse contexto, o anúncio seria uma forma de Jair Bolsonaro manter o comando político da família nas mãos dos filhos.
O descrédito em relação à candidatura também está ligado aos obstáculos que cercam o nome de Flávio. Entre eles, as acusações de rachadinha no período em que foi deputado estadual, suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo uma franquia da Kopenhagen e a compra de uma mansão em Brasília, fatores que aliados e opositores citam como impeditivos para que o movimento se transforme em candidatura competitiva.