O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou sobre as tratativas do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) na abertura do Encontro Nacional de Indústria (Enai), em Brasília (DF). Ele defendeu a posição do Brasil em favor do acordo e criticou a resistência apresentada pela França.
“É importante não ver o agronegócio como inimigo”, disse Lula. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que, hoje, achincalhou os produtos brasileiros. Porque vamos fazer o acordo do Mercosul, nem tanto pela questão do dinheiro. Nós vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e vamos fazer”, indicou Lula.
O presidente se referiu ao rechaço dos deputados franceses ao acordo, cuja negociação se arrasta há duas décadas. A pressão do país europeu decorre dos agricultores locais, que têm feito sucessivos protestos contra a parceria comercial. Eles alegam que precisam se submeter a regras ambientais mais rígidas do que aquelas aplicadas aos produtores sul-americanos, o que criaria uma concorrência desleal.
A rede de supermercados francesa Carrefour chegou a indicar que barraria a compra de carnes de países do Mercosul, incluindo as do Brasil. Após sofrer críticas, o grupo se retratou e pediu desculpas.
O Brasil conta com o apoio da Alemanha, cujo premiê, Olaf Scholz, é entusiasta da parceria. A Comissão Europeia também vem sendo favorável à concretização do acerto.
Lula frisou o apoio recebido e voltou a criticar a postura da França, dizendo que, “se os franceses não querem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo”.
Os movimentos desta semana podem definir se o acordo sai do papel de forma imediata ou não. O Planalto joga com expectativas, acreditando que, se as negociações forem frutíferas, a assinatura pode ser anunciada na semana que vem, quando a cúpula do Mercosul se reúne na capital do Uruguai, Montevidéu.
Lula deu voz à expectativa no discurso, “Eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda. [Quero] tirar isso da minha pauta”.