“Ela continuou a me chutar e me bater. […] Eles estavam abusando de mim de todas as maneiras, física, emocionalmente e sexualmente.

As soldadas me ameaçaram com uma arma e me forçaram a me despir completamente. Depois, elas fizeram eu me abaixar e cutucaram todo o meu corpo com um dispositivo, incluindo minha área genital, meu reto e meus seios.”

Dois relatos de mulheres palestinas, publicados respectivamente no Middle East Eye em fevereiro e no The New Arab em 7 de outubro, são um pequeno exemplo da violência brutal a que estão submetidas nos mais de 400 dias de genocídio em Gaza e historicamente na contínua Nakba.

Neste 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, é fundamental destacar a violência colonial sionista, cujo alvo preferencial são mulheres e crianças. Este conjunto soma 70% dos martirizados no genocídio em Gaza – as mulheres compõem 26% desse percentual, ou pelo menos mais de 12 mil, número subestimado.

Elas são alvo preferencial na busca sionista de “solução final” na contínua Nakba – ou seja, de extermínio do povo palestino. Como entorno da sociedade e agentes da produção e reprodução da vida, são as que mais sofrem diante da limpeza étnica, colonização, apartheid, genocídio.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que 180 mães têm dado à luz todos os dias em meio ao genocídio. Com todos os hospitais destruídos total ou parcialmente, quando há complicações e/ou necessitam de cesariana, são feitas sem anestesia. O número de abortos espontâneos saltou para assombrosos 300%.

Mulheres e meninas têm enfrentado a brutalidade nos cárceres israelenses, que alcança a todos os palestinos. O estupro é instrumental na contínua Nakba. Estima-se que cerca de 17 mil mulheres e meninas já passaram pelas odiosas prisões sionistas, em que a tortura é institucionalizada.

As mulheres são despidas, humilhadas, agredidas física, psicológica e sexualmente, veem suas crianças e familiares serem torturados e assassinados na sua frente, morrer de fome, sede, doenças, infecções.

As mulheres palestinas sublimam o luto, a dor, porque não têm outra alternativa. Não há estresse pós-traumático – o trauma é um contínuo.

Assim como toda a sociedade, para elas, resistência não é uma escolha, é existência, sob constante ameaça de apagamento do mapa. Assim, com firmeza, persistência e resiliência (sumud) reinventam formas para aliviar o sofrimento, mesmo em condições inimagináveis.

São mulheres jovens como Roya, que tocam instrumentos e entretêm as crianças para distraí-las do terrível som das bombas genocidas sionistas que não param de ser lançadas; outras que prestam assistência psicológica para aliviar os traumas, enquanto lidam com suas próprias dor e perda, ao lado de organizações de mulheres que voltaram toda sua atuação em Gaza para um desafio gigantesco: tentar assegurar o mínimo de assistência quando falta tudo.

As palestinas estão ainda entre os heroicos jornalistas que seguem a denunciar o próprio genocídio ao mundo. Inspiram-se no histórico protagonismo feminino na resistência, sob todos os meios, rumo à Palestina livre do rio ao mar, para que todas sejam livres. Pela eliminação da violência contra a mulher, em qualquer parte do mundo.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 27/11/2024