Em contraste com a opinião predominante da esquerda global sobre a eleição de Keir Starmer na Inglaterra, essa não é um triunfo do Partido Trabalhista inglês, mas sim uma crise profunda dentro do partido. Isso pode levar à criação de um novo partido operário inglês, mais combativo e até revolucionário.

O sistema eleitoral inglês é um dos mais antidemocráticos do mundo, sua divisão contribui para que candidatos conservadores sejam eleitos e impeça representantes da classe trabalhadora de conquistar uma votação justa.

Nesse sistema, o território é dividido em distritos sem considerar o tamanho da população, portanto, um distrito pouco populoso e predominantemente de classe média ou burguesa elege um representante, assim como um distrito populoso e de maioria operária. Dessa forma, o voto da maioria da população é igualado pelo da minoria.

O caso do atual primeiro-ministro eleito é significativo, pois, como candidato de um partido de esquerda, espera-se que defenda as pautas dos trabalhadores britânicos e pratique uma política contrária aos interesses burgueses e imperialistas.

Starmer representa o contrário do esperado: é um candidato alinhado com a política mais tenebrosa do imperialismo. Ele tem relações diretas com o serviço de inteligência britânico, que participa dos maiores crimes cometidos pelo imperialismo.

Além disso, é um defensor fervoroso do sionismo, portanto, podemos esperar que o movimento em favor dos palestinos cresça em todo o mundo, incluindo na Inglaterra, seja ferozmente perseguido em seu governo, aumentando as tensões no país e levando a classe operária inglesa a situações de revolta contra seu mandato.

A ascensão de Starmer no partido trabalhista se deu através de expurgos realizados por ele, onde os elementos mais à esquerda do partido foram expulsos, incluindo Jeremy Corbyn.

Nessas eleições, outro fato que ficou evidente dentro da crise do partido trabalhista é que, mesmo com toda a manipulação dentro do próprio sistema antidemocrático, cinco candidatos independentes, expulsos com os expurgos realizados por Starmer, se elegeram, todos defensores do povo palestino. George Gallaway, expulso do partido trabalhista por esse motivo, só não se elegeu devido a uma intensa campanha da burguesia contra ele.

O único motivo para Keir Starmer se eleger como primeiro-ministro britânico, vindo do partido trabalhista, é que o desgaste do partido conservador é grande e era necessário trocar o partido, mas não a política da burguesia. Starmer serviu perfeitamente para essa situação: é um político do partido trabalhista, porém com a política da burguesia imperialista, um homem a serviço da OTAN e do sionismo.

Uma vez que a política imperialista se encontra em crise e a população europeia sofre cada vez mais com isso, devido à piora nas condições de vida da população e da decadência econômica que atravessa os principais países, a população tende a se insurgir cada vez mais contra a política que agrava essa situação.

Na Inglaterra, essa crise tende a piorar com essa eleição, a população trabalhadora britânica não suportará os ataques que devem se seguir à eleição de Starmer. Essa situação levará a uma fragmentação do partido trabalhista britânico e consequentemente à criação de um partido mais combativo e representativo da classe trabalhadora inglesa.

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Última Atualização: 07/07/2024